Who's Dead?

Morreu ontem, dia 25/08/2009, após uma parada cardio-respiratória, o auto-intitulado "king of pop", Michael Jackson. Já não era rei (e há algum artisto intitulado "rei" que não seja completamente ridículo?) e nem popular como em seu auge. Suas aparições na mídia nos últimos tempos se deviam quase que exclusivamente às bizarrices da sua vida pessoal.
Contudo a história havia sido diferente um dia. Nos anos 70, ele era um moleque absurdamente talentoso, com domínio vocal e performance vocal digna de um veterano, à frente do Jackson 5, e depois dos Jacksons, em paralelo à sua carreira-solo. Não fosse tão talentoso, tão jovem, talvez pudesse ter mantido sanidade. Na década seguinte, redefiniu o pop, com o "álbum mais vendido de todos os tempos", Thriller.
Seu álbum mais famoso, que dinamitou de vez a absurda barreira ainda existente no início dos anos 80, que separava as paradas de sucesso 'brancas" das "negras". Nem era seu melhor disco, o anterior Off The Wall talvez tenha sido sua obra-prima, mas Thriller marcou época e foi um divisor de águas na história da múisca pop.
Se formos mencionar a era do videoclip, aí então é que o álbum toma proporções míticas. Faixas do álbum, "Billie Jean", "Beat It" e "Thriller" são, até hoje, clips que hipnotizam multidões, sempre que exibidos, a despeito das coreografias que envelheceram de modo...peculiar (Ok, eu tenho preconceito contra dança em geral. Eis uma arte que me parece ridícula em 99% dos casos). Jovens do mundo todo, eu inclusive, tentaram adotar, na medida do possível, o visual de gosto discutível adotado pelo cantor na época: cabelos cacheados cheios de gel, jaqueta vermelha, calças justas curtas ("pescando siri"), meias brancas, sapatilhas pretas, luva numa mão só...Bem, a luva única não foi tão popular quanto poderia ter sido...
Após seu auge, só lhe restaram diversas tentativas de retorno ao "trono". Discos que variavam do mediano (Bad) ao ruim (Dangerous), incursões desastrosas no cinema e absurdos de sua vida pessoal. Teria ele comprado o esqueleto do Homem-Elefante? Dormiria toda noite numa câmara hiperbárica? Teria feito incontáveis cirurgias e tratamentos obscuros tentando ficar branco? Sofreria de vitiligo? Câncer de pele?
Quanto à sua bizarrice principal, a intimidade de homem adulto com crianças, tenha sido ela de caráter sexual ou não, demonstrava um sério desvio de personalidade, uma tendência doentia inegável.
Morreu só. Ridicularizado por boa parte da mídia, atravessando dificuldade financeira, confirando o final trágico tradicionalmente reservado às grandes estrelas populares.
Aguardem a cinebiografia.