Saturday, September 26, 2009

District 9


District 9 é um dos melhores filmes do ano. Também num ano medíocre como esse 2009, não é preciso muito. O filme brilha pelas sacadas e o interessante é que são justamente as suas boas idéias é que põem um roteiro num beco sem saída.
Aliens chegam à Terra fodidaços, doentes, desnutridos, trancados numa imensa nave-mãe que estaciona sobre a África do Sul. Isso, nada de Londres, NY ou Paris. De cara, já temos dois clichês dos filmes de sci-fi jogados por terra, e as surpresas continuam: nenhum rostinho bonito de Hollywood, o principal é um ator sul-africano desconhecido, bastante distante dos padrões de beleza plástico convencional.
O fato de se passar na África do Sul também confere à fita nuances interessantíssimas, se lembramos que aquele país até o final do século XX era tristemente conhecido pela intolerância racial extrema do regime do apartheid. Somado a um retrato nada simpático da espécie humana, mostrada em seus aspectos mais mosntruosos e repulsivos (o indisfarçável preconceito que transborda dos comentários em forma de falso documentário, a crueldade suprema da cena em que humanos alegremente exterminam bebês alienígenas) teríamos uma obra-prima não fosse...não fosse o fato de que uma excelentes sacadas não fazem um filme por si só.
Depois que as boas idéias nos são apresentadas, sobra o espaço para a ação. O filme se sustentaria se apenas se limitasse a descrever as questões sociais e políticas que um fato destes desencadearia? Possivelmente não. E scertamente se tornaria insuportável para a geração dos games, o que o levaria ao fracasso.
Compreensível que o filme, quando se dedique à ação, se torne previsível e esquemático. Militarismo sempre (Como se derrota militares maus? Com armas maiores, claro), muitas bombas, explosões e um final que precisava ser mais corajoso. Sem falar que essa história de multinacionais do mal, ainda que tristemente verídica em nossos dias, já deu o que tinha que dar em termos de ficção.
Quero contudo terminar esse post numa nota positiva, porque gostei do filme e as idéias que ele joga no ar nos seus momentos iniciais são muito mais subversivas e intrigantes do que a maior parte do lixo produzido pelo cinema atual.

1 Comments:

Blogger Marcos AM Ramos said...

Deve ser tudo verdade.

6:26 PM  

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