Thursday, September 27, 2007

"INLAND EMPIRE" - David Lynch


Impressões de um leigo.
Saudado por parte da crítica e detonado por outros, há uma coisa que pode ser afirmada sem hesitação a respeito do último trabalho de David Lynch: dessa vez ele foi longe demais. Para os que insistem na idéia simplista de uma trilogia de Hollywood, vamos lá, digamos que ele pegou um controno na Lost Highway, seguiu por Mullholland Drive e chegou aqui, ou seja, sabe-se lá onde.
Filmado com câmera semi-profissional digital, com 3 horas de duração e , segundo declarações do próprio diretor, com roteiro desenvolvido a partir de idéias surgidas durante o processo de filmagem, INLAND EMPIRE pode ser classificado como um pesadelo filmado. Um pesadelo recorrente.
A maior parte das cenas se pessa em ambientes escuros e incômodos. Lynch, também artista plástico, lança aqui talvez seu maior desafio, no sentido de explorar uma narrativa cinematográfica que obedeça a uma lógica além do teatro, cinema ou literatura. Uma lógica além, a lógica do pesadelo. E é justamente aí que reside a maior pretensão e o maior acerto do filme, na proposta de uma nova lógica narrativa, ilógica, intuitiva, mas não totalmente aleatória e desconhecida. Quem é que nunca teve um pesadelo do qual parece que não há saída? Ou do qual parece que há várias saídas, todas levando a novos pesadelos?
Este é também o filme mais auto-referente do diretor. Desde as cortinas vermelhas dos sonhos do agente Cooper de "Twin Peaks", aos ensaios dos atores de "Mullholland Drive", sem esquecer dos assustadoremente enigmáticos coelhos de "Rabbits" e do que parece ser a imagem favorita de Lynch no que se refere à figura feminina, morenas X loiras, loiras X morenas.
À moda dos pesadelos, nos quais a presença de um personagem pode transportar a ação de um cenário para outro, ou de uma época para outra, e onde passamos magicamente de protagonista a espectador ou até vivenciamos as duas perspectivas simultaneamente, a personagem de Laura Dern passeia ou se perde de uma viela em Hollywood para uma rua na Polônia, e a cada mudança de cenário, uma mudança de personagem, o que enche de perplexidade não só a nós espectadores, mas também aos próprios personagens. Em dado momento, a protagonista afirma não ter certeza se é hoje ou amanhã, se aconteceu ou acontecerá. Em outra cena, personagens encaram a câmera e indagam "Quem é ela?". Não sabemos, não saberemos e não importa. Dividimos a confusão.
Existem pontos negativos no filme, é claro. O filme não se sustenta em suas 3 longas horas. Os planos de conversa de Nikki/Sue/seja lá quem for com o homem com cara de chato, talvez um psiquiatra, se arrastam indefinidamente e acrescentar histórias "reais" demais, que nada acrescentam à narrativa. A cena final do corredor também parece infinita. Contudo, são detalhes que não diminuem de forma alguma o êxito de um dos diretores de cinema mais importantes de nosso tempo, um gênio capaz de filmar mulheres com pouca roupa como se fossem aterradoras.
Um ponto para quem localizar Ben Harper e Nastassja Kinski no filme.

9 Comments:

Blogger Leandro Ravaglia said...

Fiquei curioso pra ver. Ouvi dizer que tem um maluco brasileiro aí que já tá legendando. Vou querer assistir.

4:45 PM  
Anonymous Anonymous said...

Mês passado eu vi "Transformers".
Não, não é um filme sobre travecos...

9:06 PM  
Blogger Urso said...

bom do david linch é que dá para assistir sem legenda, sem som, até sem imagem

11:54 AM  
Blogger Ronny said...

Quem é David Linch??

11:59 AM  
Blogger mario elva said...

Porra Ronny, tu tá de sacanagem né? Não sabe quem é David Lynch? Aí é foda.

6:18 PM  
Blogger Ronny said...

e vc sabe quem é Foggy Nelson?

7:50 AM  
Blogger mario elva said...

O melhor amigo do Demolidor? Pior que eu sei, também já fui nerd dos quadrinhos...

9:28 AM  
Blogger Ronny said...

ahauhauhauha

7:25 PM  
Blogger Urso said...

Ben Harper e Nastassja Kinski ? vou procurar...

5:40 AM  

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