Watchmen. Alan Moore Tem Razão
É sabido que o genial autor da graphic novel detesta as adaptações de suas obras para o cinema, alegando que estas são realizadas não por artistas, mas por "contadores". Imagine a tortura do cara, tendo seus trabalhos mais marcantes sendo sucessivamente transformados em filmes (o terrivelmente ruim "Liga Extraordinária" e o mediano "V de Vingança" também são obras suas).
Assistindo a "Watchmen", é impossível não concordar com o mal-humorado Moore. Mais uma vez a originalidade e a força de um trabalho seu são diluídos em nome de mais um sucesso de bilheteria.
Vamos parar com essa estupidez de chamar filmes de super-heróis de filmes de adulto. Qualquer filme em que combatentes do crime vestem uniformes ridículos para combater vilões igualmente mal-vestidos, por princípio é qualquer coisa menos adulto. E que mal há em não ser adulto? E quem disse que ser adulto é garantia de qualidade? Fosse assim, cada filme pornô seria uma obra-prima.
O diretor Zak Snyder até que se livra do vício do excesso de câmeras lentas desnecessárias de seu outro sucesso "300", mas insiste no homo-erotismo mal-disfarçado, via Dr. Manhattan anatomicamente perfeito. Neste seu último, assim como naquele, as personagens femininas continuam em seugundíssimo plano, as duas Espectrais são basicamente namoradinhas de personagens realmente relevantes na trama, sendo a mais jovem (uma sósia perfeita de Lucy Lawless, provavelmente a melhor opção disponível para um futuro filme-sonho de lésbicas do mundo inteiro, a adaptação da série televisiva "Xena") um personagem que tem a desenvoltura de uma boneca inflável, indo da cama de um personagem para outro, sem maiores reações.
Contudo o maior equívoco do diretor não é a mudança do final da história tão comentada pelos nerds dos quadrinhos. O final ficou pior, mas não necessariamente ruim (Quem conhece os quadrinhos e lembra das imagens devastadoras de milhares de seres humanos esmagados por um gigantesco alien teleportado sabe do que estou falando). O filme peca em suas tentativas de soar "adulto". Os questionamentos "filosóficos", que funcionam perfeitamente no mundo pueril dos quadrinhos, na tela soa só tolo. A violência explícita soa como aperitivo para a geração "torture porn", mas não diz nada, nem graficamente. O erotismo dos personagens também é desnecessário e ultrapassa as raias do ridículo com o pior uso registrado do clássico de Leonard Cohen, "Hallelujah" (e olhe que não foram poucos) e uma cena cosntrangedora, que já ficaria vergonhosa numa paródia tipo "Espartalhões" (do tipo ejaculação-explosão).
Para não dizer que as longas 3 horas (ou quase isso) são pura perda de tempo, é necessário destacar a beleza de alguns quadros e o espetacular desempenho de Jackie Earle Haley no papel de Rorschach, construindo um psicopata assustador sem apelar para os tiques bobos e previsíveis que encantaram as multidões com o Coringa pós-Saw de Heath Ledger.
Mais um aspecto me chamou a atenção, mas aí é caso de reler os quadrinhos. Os dilemas e as questões da trama me pareceram excessivemante datados, americanos e oitentistas demais, soando deslocados em dias atuais. Não lembro se isso é característica já da HQ, que li na adolescência.
Acho que perdi até a vontade de assistir o "Spirit".
(Colaboração e co-autoria do post Crissssssssss Ssssssssssssss)
Assistindo a "Watchmen", é impossível não concordar com o mal-humorado Moore. Mais uma vez a originalidade e a força de um trabalho seu são diluídos em nome de mais um sucesso de bilheteria.
Vamos parar com essa estupidez de chamar filmes de super-heróis de filmes de adulto. Qualquer filme em que combatentes do crime vestem uniformes ridículos para combater vilões igualmente mal-vestidos, por princípio é qualquer coisa menos adulto. E que mal há em não ser adulto? E quem disse que ser adulto é garantia de qualidade? Fosse assim, cada filme pornô seria uma obra-prima.
O diretor Zak Snyder até que se livra do vício do excesso de câmeras lentas desnecessárias de seu outro sucesso "300", mas insiste no homo-erotismo mal-disfarçado, via Dr. Manhattan anatomicamente perfeito. Neste seu último, assim como naquele, as personagens femininas continuam em seugundíssimo plano, as duas Espectrais são basicamente namoradinhas de personagens realmente relevantes na trama, sendo a mais jovem (uma sósia perfeita de Lucy Lawless, provavelmente a melhor opção disponível para um futuro filme-sonho de lésbicas do mundo inteiro, a adaptação da série televisiva "Xena") um personagem que tem a desenvoltura de uma boneca inflável, indo da cama de um personagem para outro, sem maiores reações.
Contudo o maior equívoco do diretor não é a mudança do final da história tão comentada pelos nerds dos quadrinhos. O final ficou pior, mas não necessariamente ruim (Quem conhece os quadrinhos e lembra das imagens devastadoras de milhares de seres humanos esmagados por um gigantesco alien teleportado sabe do que estou falando). O filme peca em suas tentativas de soar "adulto". Os questionamentos "filosóficos", que funcionam perfeitamente no mundo pueril dos quadrinhos, na tela soa só tolo. A violência explícita soa como aperitivo para a geração "torture porn", mas não diz nada, nem graficamente. O erotismo dos personagens também é desnecessário e ultrapassa as raias do ridículo com o pior uso registrado do clássico de Leonard Cohen, "Hallelujah" (e olhe que não foram poucos) e uma cena cosntrangedora, que já ficaria vergonhosa numa paródia tipo "Espartalhões" (do tipo ejaculação-explosão).
Para não dizer que as longas 3 horas (ou quase isso) são pura perda de tempo, é necessário destacar a beleza de alguns quadros e o espetacular desempenho de Jackie Earle Haley no papel de Rorschach, construindo um psicopata assustador sem apelar para os tiques bobos e previsíveis que encantaram as multidões com o Coringa pós-Saw de Heath Ledger.
Mais um aspecto me chamou a atenção, mas aí é caso de reler os quadrinhos. Os dilemas e as questões da trama me pareceram excessivemante datados, americanos e oitentistas demais, soando deslocados em dias atuais. Não lembro se isso é característica já da HQ, que li na adolescência.
Acho que perdi até a vontade de assistir o "Spirit".
(Colaboração e co-autoria do post Crissssssssss Ssssssssssssss)
3 Comments:
E eu de assistir Watchmen!
Vou ler os quadrinhos.
Concordo com grande parte do que escreveu, mas não consegui levar tão a sério assim. É mesmo uma obra contável só em quadrinhos, o filme foi "quase" o que podia ter sido.
Zack Snyder realmente consegue colocar tanto clima homo onde não devia haver que é difícil não estragar o que poderia fazer de melhor.
Mesmo assim, curti o filme e achei muito fiel aos quadrinhos (apesar da mudança no final ser inexplicável). Rorschach ficou mesmo perfeito.
Eu só consigo levar tudo a sério.
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