Pois é. Dezembro entrou (experimente falar isso rápido, "Dezembro entrou". Estranho, mas não tão estranho quanto "Outubro entrou". Ok, tente com Setembro. Agora pare com essa palhaçada e continue lendo o post) e as inevitáveis listas são tão óbvias quanto a leve depressão pré-Natal.
Foi difícil, muito difícil escolher 10 entre os álbuns lançados em 2008 para incluir aqui. Se tudo der certo, outras listas aparecerão aqui, com as opiniões de meus distintos e honrados amigos.Por ora, só a minha mesmo.
Sem ordem de preferência:
Santogold - Santogold. Como irritou os machinhos retrógrados do rock and roll o fato de que uma mulher negra tenha feito o disco mais moderno e inteligente do ano. Tudo certo, das guitarras meio Strokes, ao namoro com o hip hop infestado de música "do mundo" meio MIA, às referências artísticas (Jodorovsky no clip do principal single do disco). E boas melodias e refrões costurando tudo. Só podia ter uma capinha mais bonita o CD, vômito dourado é uma coisa assim...estranha.
Nick Cave & The Bad Seeds - Dig, Lazarus, Dig. Sem dúvida o sensacionalmente garageiro Grinderman fez bem ao Nick. Deixando de lado sua vocação de crooner com intenções de Scott Walker, ele e a melhor banda de apoio do mundo, fizeram um disco de rock maduro, mas sem chatice. Pervertido, encharcado de humor negro, com um pé no passado e outro no atemporal, e com letras que nenhum moleque conseguiria fazer.
Sam Sparro - Sam Sparro. Se os negões americanos esqueceram como se faz música, se o Prince acha onda falar mal de gay, nem tudo está perdido no mundo do r'n'b. Um moleque australiano com cara de nerd finge que é negão, mais especificamente, finge que é o Prince e nos mostra o que o r'n'b poderia ser se não estivesse infestado de gente burra e sem talento.
Scarlett Johansson - Anywhere I Lay My Head. Nunca tanta má vontade foi direcionada a um álbum como foi a esse. Gostaria que a crítica especializada fosse tão ranzinza e sem paciência com os trocentos artistas de hip hop idênticos e medíocres, ou com as bandinhas indies irrelevantes. Nunca fui fã da moça como atriz, mas neste álbum em que quase todo o repertório é do gênio Tom Waits e com a produção do Dave Sitek do TV ON The Radio, eu diria que a surpreendentemente grave voz de Scarlett mereceria mais destaque no magro cenário pop atual. Tom Waits aprovou, quem sou eu para falar mal?
Bloc Party - Intimacy. Depois do confuso segundo disco, cheio de tentativas mal-sucedidas de melodias, falsetes desastrosos e produção exagerada, o tão hypado quarteto conseguiu fazer um disco que corresponde às grandes expectativas que foram jogadas sobre a banda. "Ares" e "Mercury" conseguem algo que o Bloc Party jamais sonhou: soam originais.
Ting Tings - We Started Nothing. A fórmula batida de loops, clima rock e melodias de líder de trocida adotada por trocentas bandinhas doismilistas chegou às paradas com a dupla com maior competência no ramo dos refrões grudentos. Aaaa-aaaa, in-in-in-in in-in-in-in e não se fala mais nisso.
Kanye West - 808s And Heartbreaks. Sempre achei esse Kanye West mais um babaca prepotente sem talento como 99.9% dos rappers do mundo. Dou meu braçoi a torcer, nesse seu último lançamento, o cara pode ter feito um dos discos mais importantes do que chamam de hip hop. Rap? Quase não tem. Vocais? Mal cantados e TODOS com Auto Tune exagerado, dando aquele vocoder meio Xuxa-Kelly Key. Loops? Simples, vazios, tristes. Sample? Não. O cara tocou tudo. Bitches? Nada, o cara chora o disco todo o pé na bunda que tomou. Revolucionário. Se tudo der certo, o hip hop acaba depois desse disco.
Third - Portishead. Quando os fãs torcem o nariz, geralmente quer dizer que o artista acertou. cada disco até hoje lançado pelo trio foi um chute na cara de quem esperava mais do mesmo. Inquietos como nunca, só de terem lançado uma música que soa como Silver Apples, e outra que mistura um violão à la Nick Drake que desemboca numa levada Kraftwerk, já mereceriam estra nesta lista. Quero ver neguinho dançar esse nos lounges da vida, ou atriz global dizer que usa o disco como trilha sonora para suas horas românticas, hahahaha.
The Heavy - Great Vengeance And Furious Fire. Ressuscitaram Curtis Mayfield e enfiaram numa formação de soul com toques modernosos ingleses. E funcionou.
The Kills - Midnight Boom. Depois de um segundo disco fraquíssimo em que erraram tudo, a dupla acertou em cheio recheando seu som seco e vazio de blues e bateria eletrônica com grooves mais dançantes. Nenhuma maravilha, mas se mais de três músicas te divertem em um álbum ultimamente, considere-se agraciado.
2 Comments:
Esse ano foi meio difícil? As vezes eu só quero os singles mesmo. Tô ficando velha e chata.
Boa lista, boa.
Minha lista só bate com a tua no Sam Sparro e no Third, mas posso assinar embaixo a Santogold também.
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