Sunday, November 08, 2009

Planeta Terra 2009

A melhor atração do festival, segundo alguns


O Planeta Terra havia sido um festival impecável nos últimos dois anos: organizado, pontual, com programação bem balanceada e numa locação perfeita (um complexo industrial desativado). Mas, chegou a hora da vacilação. Neste ano, o festival aconteceu no Playcenter, parque de diversões decadente da cidade de São Paulo, e a programação, se não era exatamente ruim, não trazia grandes novidades.
Devido a outro problema na organização do evento, na minha opinião, a distãncia dos palcos, não pude acompanhar todos os shows que desejava, graças à coincidência de horários (Sei que é assim nos grandes festivais do mundo, mas cabe a pergunta: tem que ser assim?). Perdi o Metronomy e o Ting Tings. Ignorei o Copacabana Club, porque estou cansado dessas bandas de garotinhos ricos sem talento hypadas pelos amiguinhos da mídia. Assisti a alguns minutos do Patrick Wolf e deixei para lá, pois, como sumarizou Crissssss Sssssssssss, aquilo estava mais para show de transformistas.
E tem mais, odeio parques de diversão. Não tenho o menor prazer em me sentir aterrorizado, nem sinto a necessidade de extravasar o que quer que seja arriscando a minha vida em brinquedos que alavancam a adrenalina.
Deus provou que além dos gays, também odeia o rock and roll. Choveu torrencialmente no melhor show do Sonic Youth que eu já assisti, muito além daquela coisa modorrenta que foi a apresentação deles no "Claro Que É Rock" de 2005. O repertório foi baseado nas músicas de seu bom último álbum, que tem uma energia que eu já supunha morta na banda, depois da insuportável era Jim O'Rourke.
Mas energia mesmo é o que define a melhor atração deste e de todos os festivais que possa ter participado ao longo de toda a sua carreira (Ok, estou exagerando, mas somente porque ainda estou sob o impacto da performance estupidamente poderosa de "Gimme Danger" dos Stooges): Iggy e o que restou dos Stooges tem a chama. É simples, alguns têm, outros não. A maioria dos artistas de hoje em dia, mas interessados nas roupinhas e cortes de cabelo jamais vai chegar a isso: poder de transformação, choque nas almas alheias.
Desde a primeira vez em que ouvi os Stooges, eu carrego a sensação de que de alguma forma a música dos caras toca no homem primata que existe em mim, ao mesmo tempo que me enche de satisfação, por provar o poder que o bom rock and roll (não o verdadeiro rock and roll, esse é uma bosta) tem, mesmo depois de os imbecis do mundo se apoderarem das guitarras pesadas e da saturação da música feita nesse formato.
James Williamson nunca será Ron Asheton. Isso ficou bem claro quando ele conduziu com sua guitarra "certinha" o clássico absoluto "I Wanna Be Your Dog". Só que não podemos esquecer de riffs perfeitos como os de "Search And Destroy" e "Raw Power", ou seja, não estamos falando de alguém que brinca aqui também não. Até a chuva parou para os Stooges, e olhando para o corpinho de múmia de Iggy Pop, senti um calafrio, até quando? Provavelmente não por  muito tempo, e quando esse dia chegar, que o atestado de óbito do que chamam de rock and roll seja definitivamente assinado.
Ah, sim. Teve também o Primal Scream. Quem acompanha a banda sabe que não se pode confiar no Primal Scream. Fizeram o melhor show do TIM de 2004 e um dos piores desse Planeta Terra, já que tocaram clássicos como "Miss Lucifer" naquela levada de sub stones presente nos seus piores álbuns. Eu que já não tenho paciência nem para a banda de Jagger e Richards, abandonei na terceira música e fui comer um croissant delicioso.

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