Monday, March 22, 2010

Eu queria ser como ela, ou pelo menos como ela disse que era, quando disse que não tinha memória. Imagina que maravilha, não carregar o peso diário de tudo que já aconteceu. Eu lembro de tudo. O velhinho tocando reco-reco e gaita ao mesmo tempo sentado no chão meio molhado, imerso numa música maravilhosa, com a gaita soando por um megafone, eu quis por todo o dinheiro da minha carteira na caixinha de papelão aos seus pés.
Fora de ordem ao menos. Ela tem um monte de coisas que eu gosto combinadas, menos o que eu gostaria mais, a saber, o mesmo sentimento de volta. Acho que desperto nela um sentimento maternal, um certo receio de me machucar, o que definitivamente é o fim. Há duas possibilidades: uma mulher vai ficar com você se quiser te machucar ou se quiser ser ferida por você (Ouvi um funk: "Machuca, machuca, elas gosta que machuca"). Mais uma memória então, inútil, os cachos dela.
A menina de cara redonda na porta do restaurante, pobre funcionária, me lemnbrou que não era só eu, talvez fôssemos todos nós, andando assim na noite sem rumo. É menos solitário um mundo em que todos estão sozinhos? Teve a puta também, tudo bem que era uma puta de meia-idade, chapada de sabe-se o lá o quê, (o que sei eu do mundo das drogas?), mas ela disse "Você é bonito", eu disse "Você é que é bonita", e ela disse "Você parece com alguém da TV" e eu disse "Não tem ninguém da TV parecido comigo"...
E eu voltei pra casa, afinal o que se pode fazer? Ainda é melhor quando se tem pra onde voltar, passei tanto tempo tentando ser invisível que finalmente consegui e não sei se gosto disso.
"And I say it again. I need a  brand-new friend. The end."

1 Comments:

Blogger Marco Stecz said...

Cara..qual é o seu endereço no orkut?
voce comentou q tem MP3 do The Walk... Só tenho a edição em vinil.... como posso conseguir? Abração.

5:52 PM  

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