Eu bebia uma cerveja qualquer num bar qualquer de uma cidade qualquer porque eu era um qualquer. Um homem tem que saber o seu lugar e eu morro de medo de sair do meu. É muito deselegante se enforcar na sala de estar de alguém que você mal conhece, sabe, coisas assim.
Esperava e esperava por uma mulher que andava dizendo que gostava de mim. A história havia me ensinado que às vezes vale a pena esperar e agora parecia uma dessas vezes. Ela ficava tanto vestida de branco quanto de preto, o tipo de mulher com quem se deve ter muita cautela. Ela sempre se atrasava, mas essa noite talvez estivesse tentando bater algum recorde.
Juro que comecei a prestar atenção no casal da mesa ao lado por puro tédio. Detesto esperar, mesmo mulheres que ficam bem de branco e de preto. Quando ouvi a frase que a mulher da mesa ao lado disse de modo seco na direção de sua companhia, pressenti diversão.
- Precisamos conversar.
Todos sabemos que grandes tragédias da humanidade já começaram com essas palavras e a tragédia alheia sempre é entretenimento. Só então dei uma olhada no homem que a acompanhava, tentando ler na sua expressão meio idiota o efeito daquelas palavras. Ele pareceu confuso, meio assustado, meio puto, mas nunca se sabe. Talvez estivesse contando as horas para sair dali e se enfurnar no puteiro mais próximo. Talvez caminhasse por uma hora e meia em silêncio até em casa e chorasse no banheiro como um bom macho educado. Talvez passasse a noite tentando argumentar com a mulher. Qualquer coisa inútil.
Diminuíram bastante o tom da conversa, talvez percebendo a minha invasão de privacidade. Eu disfarcei mal, mas não precisava ouvir as palavras. Era uma conversa banal na qual uma das partes de uma relação amorosa tenta educadamente explicar a outra que as coisas não vão mais ser como eram. Eu já estivera nos dois lados da mesa, de certa forma, sabia quase de cor as falas de ambos os personagens.
Em algum momento o homem levantou e foi embora meio cabisbaixo. A mulher ficou e terminou seu copo com alguma bebida escura. Eu quis dizer duas coisas, uma para cada um deles.
Para ela: Alguma cantada barata.
Para ele: Um conselho mais barato ainda. Sempre acaba bem. Ela voltaria para ele. Ou não e ele esqueceria dela. Só há finais felizes, meus caros.
Não disse nada. Preferi chegar em casa e escrever um conto ou qualquer coisa assim. Logo me ocorreu também que a mulher que eu esperava já deveria estar chegando, em algum momento isso teria de acontecer. Ela chegou vestida de cinza, não ficava mal assim.
- Precisamos conversar - eu disse.
Esperava e esperava por uma mulher que andava dizendo que gostava de mim. A história havia me ensinado que às vezes vale a pena esperar e agora parecia uma dessas vezes. Ela ficava tanto vestida de branco quanto de preto, o tipo de mulher com quem se deve ter muita cautela. Ela sempre se atrasava, mas essa noite talvez estivesse tentando bater algum recorde.
Juro que comecei a prestar atenção no casal da mesa ao lado por puro tédio. Detesto esperar, mesmo mulheres que ficam bem de branco e de preto. Quando ouvi a frase que a mulher da mesa ao lado disse de modo seco na direção de sua companhia, pressenti diversão.
- Precisamos conversar.
Todos sabemos que grandes tragédias da humanidade já começaram com essas palavras e a tragédia alheia sempre é entretenimento. Só então dei uma olhada no homem que a acompanhava, tentando ler na sua expressão meio idiota o efeito daquelas palavras. Ele pareceu confuso, meio assustado, meio puto, mas nunca se sabe. Talvez estivesse contando as horas para sair dali e se enfurnar no puteiro mais próximo. Talvez caminhasse por uma hora e meia em silêncio até em casa e chorasse no banheiro como um bom macho educado. Talvez passasse a noite tentando argumentar com a mulher. Qualquer coisa inútil.
Diminuíram bastante o tom da conversa, talvez percebendo a minha invasão de privacidade. Eu disfarcei mal, mas não precisava ouvir as palavras. Era uma conversa banal na qual uma das partes de uma relação amorosa tenta educadamente explicar a outra que as coisas não vão mais ser como eram. Eu já estivera nos dois lados da mesa, de certa forma, sabia quase de cor as falas de ambos os personagens.
Em algum momento o homem levantou e foi embora meio cabisbaixo. A mulher ficou e terminou seu copo com alguma bebida escura. Eu quis dizer duas coisas, uma para cada um deles.
Para ela: Alguma cantada barata.
Para ele: Um conselho mais barato ainda. Sempre acaba bem. Ela voltaria para ele. Ou não e ele esqueceria dela. Só há finais felizes, meus caros.
Não disse nada. Preferi chegar em casa e escrever um conto ou qualquer coisa assim. Logo me ocorreu também que a mulher que eu esperava já deveria estar chegando, em algum momento isso teria de acontecer. Ela chegou vestida de cinza, não ficava mal assim.
- Precisamos conversar - eu disse.
2 Comments:
Gostei muito!
Eu conversaria com vc...seriamente...
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