Tuesday, June 17, 2008

"Don't Plagiarize Or take On Loan"


Dizem que esse negócio de originalidade na arte é coisa nova, que para os clássicos, bom mesmo era aquele que imitava os cânones com perfeição. Eu sei lá, eu não tô falando de arte mesmo (ou estou?), meu negócio é música pop.
Nos nossos tempos em que os moleques montam bandas de rock que já tem estilo antes mesmo da primeira música ser composta, e o maior terror é o de parecer esquisitão, originalidade é algo que, ainda que ninguém assuma em público, pode ser problemático e até deve ser evitado. O cara vai e faz música original e aí? Vai se vestir como? Vai atingir qual target? Que risco.
Portanto, nada mais natural que os artistas que mais se destaquem nesse iníco de milênio sejam uns picaretas. Até porque hoje a picaretagem está ao alcance das mãos como nunca antes. Qualquer um com um pc caidinho já tem um sampler nas mãos e toda a história da música à sua disposição para usar como bem entender.
Qual foi a última coisa original que você ouviu? Um disco do Scott Walker de 1977? Pois é. Não se trata de afirmar categroicamente que todo revival é ruim. Até os anos 90, os revivals sempre foram prática comum no mundo pop, mas a chupação descarada já é outra coisa. As melhores bandas dos anos 80 foram buscar influência nos anos 60? Sim, mas conseguiram construir sua identidade em cima de uma ótica oitentsta sobre os sixties. Da mesma forma, para o bem e para o mal, os anos 90 resgataram os cacoetes dos anos 70. Mas e os 00's?
Strokes chupando os timbres das bandas mais reles do new wave, com um pouquinho de pós punk? Zilhões de bandinhas com aquelas guitarrinhas mal-gravadas, chupadas do Gang Of Four, mas sem a genialidade daqueles? Ou as bandinhas de eletro, fazendo tecnopop disfarçado? A lista é interminável.
Mas tudo bem. Originalidade pode ser sinônimo de chatice também (tente ouvir 3 discos dos Residents em seguida!) e uma boa picaretagem pode ser até divertida. Mas pelo menos disfarça, pô! Diversos compassos com a mesma linha melódica descamba para o mau-caratismo puro e simples. Ainda que acidentalmente, plágio é feio e é até crime.
O assunto veio à minha cabeça ao ouvir os novos trabalhos de Albert Hammond Jr. e do CSS. O strokista que, numa faixa de seu álbumj de estréia já havia metido a mão na melodia de "Love Vigilantes" do New Order numa música sua, agora resolveu "homenagear" o Snow Patrol numa faixa de seu novo trabalho. Sei lá o nome da música dele, ou da do Snow Patrol, me deu preguiça olhar.
O CSS com seu novo single, cujo nome também não me ocorre agora, também pegou emprestado do Neil Young e sua linda "Lotta Love". Dá para cantar inteira a parte do "If you are out there waiting..." de Neil sobre parte da música que o CSS lançou recentemente. E aí acaba que o ouvinte desavisado se pega achando uma melodia novalegalzinha, sem saber que é legalzinha sim, mas não é nova.
De repente isso é até papo de velho que não entende os novos tempos, mas não vai surgir nenhum moleque ou moleca desrespeitando completamente o passado e criando o novo? (Certamente a Mallu Magalhães não o fará. Aliás, uma amiga minha decifrou o "fenômeno Mallu". Segundo ela, os críticos trintões que a endeusam estão é todos com vontade de comer a menininha que é a "fofura em pessoa", num possível resgate de suas adolescências de indies nerds. Não duvido).
Vou ali ouvir Scott Walker de novo.

1 Comments:

Blogger Marcos AM Ramos said...

Originalidade é bom, mas ainda prefiro genialidade do que originalidade, embora eu mencione isso por estar pensando especificamente no Jens Lekman, que é gênio sampleando tudo de todo mundo.

5:40 PM  

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