Friday, December 15, 2006

Ela já causava tumulto suficiente sendo uma bela mulher sozinha numa mesa de bar. Jogou o cigarro confiante em sua pontaria, observando as voltas que ele faria no ar, calculando os movimentos. Fria. Se ela fosse de fato a palavra não causaria o estrago na mente - é, na mente, onde tudo realmente acontece, quem foi o cretino que localizou qualquer coisa no coração? -, não a faria ferver. Os copos de vinho só aumentavam sua sede.
"Será que mamãe teve um orgasmo na noite em que fui concebida?". Pelo menos daquela vez. E continuava ardendo algo familiar, ela não se recuperara ainda de ter nascido. O álcool acelerava tudo, mas a vida levava um segundo eterno ou milhares de horas arrastadas? Tanto faz a resposta, o tempo sempre passa e não há nada que não seja perda de tempo.
"Vou ligar para ele então".
- Oi. - ela disse.
- Oi! Desculpa...Eu...não queria...dizer...
- Queria sim.
- Não queria!
- Disse, é o que fica.
- Desculpa...
- Não importa.
- Quero te ver pra...
- Mesmo? Ok. Vou voltar pra você.
- Ah, meu bem...
- Mentira. Não vou te ver nunca mais.
Tu-tu-tu-tu-tu-tu-tu. Voltou para a mesa, acendeu outro cigarro, deu mais um gole, etc. Mas aqui a história já tinha acabado.

1 Comments:

Blogger no hay otros paraísos que los paraísos perdidos. said...

fantástico.

depois você diz que eu é que sou boa...

8:29 AM  

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