Thursday, February 08, 2007


Não, você não vai ouvir falar desse cd em nenhuma lista de melhores de 2006, porque os jornalistas musicais em sua maioria estão mais preocupados com a incapacidade do Arctic Monkeys em compor melodias, ou com o vocalista do Bloc Party saindo do armário. Além do mais, a mente por trás desse belíisimo punhado de canções é a de um senhor inglês de idade avançada, que aparentemente está longe de seus melhores dias, vividos nos anos 60 à frente dos Kinks.
Vou tentar ao menos causar curiosidade pela audição desse, que só não entrou na minha lista de melhores do ano passado porque o descobri tarde demais, outro dia desses, já em 2007. Pois bem, mesmo quando baixei esse cd (compraria se as gravadoras não dormissem), eu o fiz mais por curiosidade do que por real interesse. Qual não foi minha surpresa ao perceber a vitalidade do velho Ray já na primeira faixa, "Things Are Gonna Change". Você ouve aquelas guitarras, a voz e os versos desse cara que talvez seja o pai daquele famoso cinismo inglês que os jovens noventistas tanto apreciavam no Blur, e que os doismilistas acham lindo no Kaiser Chiefs, e começa a se perguntar se esse negócio de rock não é na verdade coisa de velho.
Olha isso "Tudo que ela escreveu foi uma carta de despedida/'Acabou entre nós, para dizer a verdade/Encontrei essa pessoa numa discoteca/Ele é muito especial, me lembra você/Agora você pode se misturar àquela cena agitada/Bares de solteiros e cafés gays/Com frases de efeito para impressionar jovens estudantes/e garçonetes gordas australianas'". Isso e a música é boa, acredita?
"We are suuuuch creatures of little faith" canta ele em "Creatures Of Little Faith". Somos sim. E guitarras sessentistas (de verdade, ele ESTAVA lá, de fato) emolduram lindamente a melodia. Não fosse um solo de sax horrendo, seria perfeita. Mais a frente ele nos convida a fugir das garras do tempo em "Run Away From Time", e, afinal de contas, não é o que todo mundo deseja? Eu desafio qualquer criatura de bom coração (fãs do Adult não contam) a não cantar esse refrão junto com ele depois da segunda ouvida.
"The Tourist" exala aquela ironia que eu falei (ironia das boas, não é aquela coisa Los Hermanos não) e "Is There Life After Breakfast?" já é meu título favorito dos últimos 5 anos. Vamos lá, pare de ouvir "You Really Got Me", "Dead End Street" e "Waterloo Sunset" e dê uma checada no que o Ray anda fazendo hoje, pombas! O cara tá vivo, apesar do tiro na bunda que dizem que tomou em 2005, eu acho.
Nesse tempo insosso da música pop em que os olhinhos pintados dos emo nos deixam com saudade até de lixos tipo Marylin Manson, ainda é possível soar bem fazendo nada além de um bom disco de rock. Talvez seja uma questão de talento né?

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Por curiosidade eu baixei a maioria das músicas do album... Realmente é muito bom...
É sempre bom ouvir você falar de músicas... Sei que é mais que um curioso nisso, diria um pesquisador...

5:53 PM  

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