Just A Fest - 20.03.2009
Exorcisando o extremo mau-gosto que tomou conta da Praça da Apoteose com o show do ridículo Iron Maiden na semana passada, o festival Just A Fest trouxe atrações que foram do relevante ao genial. Los Hermanos, Kraftwerk e Radiohead ( e nada de Vanguart, demonstração certeira de sabedoria dos organizadores de festival), cada um à sua maneira, parecem levar a interessantes conclusões sobre a época que cada grupo expressa.
Os Hermanos são um típico produto brasileiro. Playboys da zona sul do Rio de Janeiro, criadores de música diluída e recheada de clichês de matrizes realmente importantes musicalmente falando, que só funciona diante de mentes ignorantes desconhecedoras dos originais ( a saber, Cake, Weezer, MPB dos anos 70). Caem como uma luva para o gosto sem critérios, pretensamente estiloso, saudosista de uma época que desconhece, levemente neo-hippie e retrógrado do público do chamado rock indie dos anos 2000 no Brasil. O som de seu show tinha os timbres magros de um ensaio de banda iniciante, mas os casais cantando as letras abraçadinhos não pareceram se importar.
O Kraftwerk vem de outra época. Uma época mais pretensiosa e muito mais bem-sucedida em suas pretensões. São os mestres no que fazem, no que inventaram (ou fez, ou inventou, já que o único remanescente da formação original é Ralf Hutter, o que não fez a menor diferença. Substituir um robô por outro não parece uma tarefa complicada). Atingiram a perfeição na forma e função. Constróem um espetáculo sensorial irretocável, no sentido mais literal que a palavra pode ter. Qualquer banda da atualidade, ou mesmo do passado, sofreria com a comparação. O público carioca se ressentiu um pouco da frieza dos alemães (hahahahahahaha) e ficou confuso sobre as horas de fazer u-hu e bater palmas, mas não acho que tenha feito diferença para eles ou para quem apreciava a arte em movimento do grupo mais importante da música popular do século XX.E XXI, XXII, porque a música que fazem ainda continua à frente de nosso tempo e parece estar situada para sempre no futuro.
O Radiohead também construiu sua carreira sobre a ignorância de seu público, de certa forma, mas com muito mais talento e originalidade do que os barsileiros barbudos dos Hermanos. Qualquer pessoa com um pouco mais de conhecimento da música pop, reconhece no suposto trabalho "original" e "inovador" da banda, elementos do U2, Pink Floyd, Rush e uma centena de bandas de rock progressivo. Um amigo me disse recentemente que eles pegariam essas influências prog e levariam para outro lado, aparando as arestas. Eu diria que quando acertam, são uma das melhores bandas da sua geração. Porém, erram muito mais na maior parte do tempo. Em canções de andamento mais acelerado como "15 Step" e "Idiotheque", eu me arriscaria a dizer que compõem a trilha sonora perfeita para os nossos tempos caóticos. A cozinha, nessas músicas, surpreende pela eficácia e criatividade. Contudo, imperam os climas lentos entediantes, com Thom Yorke (cuja voz ao vivo é ainda mais miada) pairando sobre a sua banda com mão de ferro (impressão minha ou mesmo alguns membros da banda mostram sinais de tédio nesses momentos?). E, não, Johnny Greenwood não é genial. Ele é um poseur cheio de maquininhas, o que pode impressionar quem se atrai pelo tipo, mas, como o assunto aqui é música, devemos destacar que quase todos os ruídos produzidos pelo rapaz só acrescentavam uma camada de ruído dispensável em composições que na maior parte do tempo parecem correr desesperedamente atrás de uma melodia que, mais esperta, corre mais veloz, bem à frente. O público não pareceu se importar. Isqueiros foram acesos e bracinhos levantados com o final apoteótico de "Creep", o hit que quase todos esperavam.
Os Hermanos são um típico produto brasileiro. Playboys da zona sul do Rio de Janeiro, criadores de música diluída e recheada de clichês de matrizes realmente importantes musicalmente falando, que só funciona diante de mentes ignorantes desconhecedoras dos originais ( a saber, Cake, Weezer, MPB dos anos 70). Caem como uma luva para o gosto sem critérios, pretensamente estiloso, saudosista de uma época que desconhece, levemente neo-hippie e retrógrado do público do chamado rock indie dos anos 2000 no Brasil. O som de seu show tinha os timbres magros de um ensaio de banda iniciante, mas os casais cantando as letras abraçadinhos não pareceram se importar.
O Kraftwerk vem de outra época. Uma época mais pretensiosa e muito mais bem-sucedida em suas pretensões. São os mestres no que fazem, no que inventaram (ou fez, ou inventou, já que o único remanescente da formação original é Ralf Hutter, o que não fez a menor diferença. Substituir um robô por outro não parece uma tarefa complicada). Atingiram a perfeição na forma e função. Constróem um espetáculo sensorial irretocável, no sentido mais literal que a palavra pode ter. Qualquer banda da atualidade, ou mesmo do passado, sofreria com a comparação. O público carioca se ressentiu um pouco da frieza dos alemães (hahahahahahaha) e ficou confuso sobre as horas de fazer u-hu e bater palmas, mas não acho que tenha feito diferença para eles ou para quem apreciava a arte em movimento do grupo mais importante da música popular do século XX.E XXI, XXII, porque a música que fazem ainda continua à frente de nosso tempo e parece estar situada para sempre no futuro.
O Radiohead também construiu sua carreira sobre a ignorância de seu público, de certa forma, mas com muito mais talento e originalidade do que os barsileiros barbudos dos Hermanos. Qualquer pessoa com um pouco mais de conhecimento da música pop, reconhece no suposto trabalho "original" e "inovador" da banda, elementos do U2, Pink Floyd, Rush e uma centena de bandas de rock progressivo. Um amigo me disse recentemente que eles pegariam essas influências prog e levariam para outro lado, aparando as arestas. Eu diria que quando acertam, são uma das melhores bandas da sua geração. Porém, erram muito mais na maior parte do tempo. Em canções de andamento mais acelerado como "15 Step" e "Idiotheque", eu me arriscaria a dizer que compõem a trilha sonora perfeita para os nossos tempos caóticos. A cozinha, nessas músicas, surpreende pela eficácia e criatividade. Contudo, imperam os climas lentos entediantes, com Thom Yorke (cuja voz ao vivo é ainda mais miada) pairando sobre a sua banda com mão de ferro (impressão minha ou mesmo alguns membros da banda mostram sinais de tédio nesses momentos?). E, não, Johnny Greenwood não é genial. Ele é um poseur cheio de maquininhas, o que pode impressionar quem se atrai pelo tipo, mas, como o assunto aqui é música, devemos destacar que quase todos os ruídos produzidos pelo rapaz só acrescentavam uma camada de ruído dispensável em composições que na maior parte do tempo parecem correr desesperedamente atrás de uma melodia que, mais esperta, corre mais veloz, bem à frente. O público não pareceu se importar. Isqueiros foram acesos e bracinhos levantados com o final apoteótico de "Creep", o hit que quase todos esperavam.
7 Comments:
Oi Mario!
cara, gostei do seu blog...
eu sou o guitarrista de uma banda chamada Instiga ( www.instiga.com )
gostaría que escutasse nosso último disco chamado "Tenho uma banda'...da pra baixar no site mesmo...
Eu não sei se vamos escapar a sua crítica ácida, mas será divertido le-la.
Deixo também dois vídeos..um clipe uma apresentação ao vivo:
o clipe - http://www.youtube.com/watch?v=9Fq7bEemJDo
ao vivo -
http://www.youtube.com/watch?v=_fzXsBCgZek
abração
e parabens pelo blog!
Chris
Loser Manos foi o que é mesmo.
Kraftwerk foi foda, quatro alemães parados fazendo uma combinação de visual e som de primeira. São a história mesmo.
Radiohead foi muito bom, mas senti alguns de meus minutos desperdiçados em 3 ou 4 músicas que não me diziam nada. Ainda assim, como foi um show longo pra KCT, o saldo final é muito positivo, tocaram até umas bem boas das antigas, não esperava por isso. Destaque para o Ed O'Brien, que ninguém nunca fala dele e ele mandou melhor do que o badalado Johnny Greenwood.
E o copo d'água custava R$4,00.
just a ride
Legal o seu blog. Acho que você tem razão quanto as críticas ao Los Hermanos e Radiohead, mas acho que poucos conseguem ser constantes sendo vanguarda. Quase todos colocam elementos da arte dos outros pra criar a sua própria. Neste ponto o endeusamento de críticos e fãs é que é pior que a própria arte das referidas bandas.
Um abraço.
Gustavo
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Esse Mário do blog-is-dead não sabe de poouuurra nenhuma.
Estava sobre o efeito do Kraftwerk, acabo de me recuperar, bom mais ou menos.
É, eu gosto dos Hermanos, mas não me enganam (ouviram barbudos). Gostei de ter assistido o Radiohead, se tivessem vindo antes provavelmente eu não teria ido (aconteceu com o Nirvana e outros).
Kraftwerk? Uma amiga, CRISSS, resumiu bem, FODÁSTICO!
Isqueiros são como Lp's, não desaparecem nunca.
Rsrsrsrs
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