Saco De Mentiras, cap. 1
Voltando do emprego entre rostos de cera apertados no coletivo. Todos os olhos sem foco, vivendo pequenas mortes como animais em gaiolas, estes homens e estas mulheres estão indo para casa. Não me arrisco a olhá-los de frente, no Rio de Janeiro do ano de 1997 é muito perigoso olhar um estranho nos olhos. Aproveito os reflexos nos vidros, que comumente não reagem, se quero estudá-los. No que essa gente pensa, não sei. Mas sei no que eu penso.
Queria ter uma mulher gorda. Pernas e braços grossos, seios grandes e colo macio. Até hoje só tive mulheres magras, porque morro de medo, e o medo é a medida. Os homens sensatos como eu temem as mulheres por elas serem mulheres, e as gordas parecem duas, três vezes mais mulheres. Uma gota de suor escorre pelas minhas costas suadas e eu estou pensando em mulheres.
Um corpo gordo como o de minha mãe. Se ela ainda estivesse viva, eu daria um braço apertado nela quando chegasse em casa. Nada, sei que só vou encontrar meu velho pai no apartamento de janelas e portas cerradas o tempo todo - "a poeira estraga tudo" - a dedilhar seu violão ancião.
Os homens de minha família sobrevivem às mulheres, vem sendo assim há gerações, fácil. Basta sentar-se num lugar confortável, de preferência com um falso olhar compreensivo, e observá-las definhar. Sempre funciona. Tenho usado essa técnica com Sandra há dois longos anos. Da última vez ela jogou café fervendo para todos os lados e eu me senti honrado por estar preservando a tradição da família.
Chegando em casa, no corredor um homem sem uma das mãos - a esquerda, ainda bem para ele, pensei, se ele não for canhoto, é claro - me deu boa-noite sem nem mesmo olhar para mim, mecanicamente. Ele queria mais é que eu me fodesse. Ao dar de cara com a porta trancada, me toquei de que havia esquecido minhas chaves na gaveta de minha mesa no escritório. Depois de sete toques na campainha, meu pai veio atender.
Queria ter uma mulher gorda. Pernas e braços grossos, seios grandes e colo macio. Até hoje só tive mulheres magras, porque morro de medo, e o medo é a medida. Os homens sensatos como eu temem as mulheres por elas serem mulheres, e as gordas parecem duas, três vezes mais mulheres. Uma gota de suor escorre pelas minhas costas suadas e eu estou pensando em mulheres.
Um corpo gordo como o de minha mãe. Se ela ainda estivesse viva, eu daria um braço apertado nela quando chegasse em casa. Nada, sei que só vou encontrar meu velho pai no apartamento de janelas e portas cerradas o tempo todo - "a poeira estraga tudo" - a dedilhar seu violão ancião.
Os homens de minha família sobrevivem às mulheres, vem sendo assim há gerações, fácil. Basta sentar-se num lugar confortável, de preferência com um falso olhar compreensivo, e observá-las definhar. Sempre funciona. Tenho usado essa técnica com Sandra há dois longos anos. Da última vez ela jogou café fervendo para todos os lados e eu me senti honrado por estar preservando a tradição da família.
Chegando em casa, no corredor um homem sem uma das mãos - a esquerda, ainda bem para ele, pensei, se ele não for canhoto, é claro - me deu boa-noite sem nem mesmo olhar para mim, mecanicamente. Ele queria mais é que eu me fodesse. Ao dar de cara com a porta trancada, me toquei de que havia esquecido minhas chaves na gaveta de minha mesa no escritório. Depois de sete toques na campainha, meu pai veio atender.
9 Comments:
eu estive lá (no rio de janeiro de 1997) e era realmente perigoso olhar um estranho nos olhos...
Vou considerar esses comentários como positivos e publicar o segundo capítulo. Gostaria de acrescentar que é um romance para moças, mas que sexagenários usuários de próteses penianas como o seu Ervilho e pervertidos sexuais como Leandro Ravaglia e Americano são bem-vindos.
O Urso Sabe
Será que essa propaganda toda vai me render encontros com as visitantes de seu blog?
Cara, as visitantes do meu blog são todas meninas decentes e mulheres indecentes. mantenha-se dentro das suas calças, Ravaglia boy.
Hahaha, estou esperando o segundo capitulo... e o terceiro, quarto... Preciso publicar logo, quem sabe não consigo um dinheiro pra fugir de casa. Haha
li..
Começou bem. Mulheres gordas têm charme e carne para apertar, cara. Desde que não sejam obesas mórbidas, não tenha medo delas. A maioria não adota o canibalismo antes dos 50 anos de idade.
Não é permitido falar mal de mulheres nesse blog, AM. Só se elas forem magras e altas, porque isso é anti-natural.
Post a Comment
<< Home