Tuesday, May 08, 2007

Se tem uma coisa que não vai salvar a música pop de seu atual estado de marasmo por excesso de informação, certamente são 4 rapazes empunhando suas guitarras. Todos nós gostamos dos Strokes, mas não há como negar que o rock pós- Strokes é pernicioso, derivativo e reacionário. Garotos juntos (mais juntos do que deviam, com roupas mais coladas no corpo do que deviam) emulando os sons das bandas que tanto amaram em seus quartinhos de adolescente. Coisa de garoto. Coisa de garoto estranho que faz clube onde mulher não entra, e quando entra tem papel definido (canta, posa de sexy, faz pose ou performance no palco. Estou exagerando? Quantos cds dessa nova leva de bandas foi produzido por uma mulher??)
Quando tudo que os garotos querem fazer é soar como suas bandas de garotos favoritos, tudo que resta é olhar para os outros lados. Afinal até o escroto do Paulo na bíblia afirma que "não é bom que o homem fique sozinho". creio eu destacando a importância da troca entre os sexos.
Não acho que seja coincidência que a música mais inventiva feita nos dias de hoje seja feita por grupos que, ou são compostos por mulheres, ou as têm em sua formação. Nunca ouvi uma mulher dizer algo tão estúpido quanto "Essa música feita em computador não é música", ou "Eletrônica é só apertar botões". Quantas mulheres "virtuose" existem? (Tá, algumas, mas são tão poucas que nem se nota.
O assunto vai render mil posts, mas deixa eu voltar à Patti. Patricia Smith, quando surgiu nos anos 70, era mais ET ainda do que hoje. Nos nefastos anos 70 (ligeiramente mais nefastos que os 80 e os 90), com sua superpopulação de sub-Led Zeppelins, quase não se ouvia uma voz feminina no que se chamava de rock. Ainda mais com as palavras que ela tinha a dizer. Qualquer um que já tenha visto uma performance de Patti Smith (e eu praticamente perdi a do Rio - olha a contradição - porque estava dando atenção demais aos rapazes de camisetas bem justinhas do TV On The Radio!! Mea culpa!) sabe que a palavra hipnotizante se aplica. Sua banda é ruim, sempre foi ruim, nunca fez jus ao poder de sua voz e palavras, mas isso nem importa. Ela domina.
E agora um disco de covers. Chegando já à terceira idade, cada vez mais bruxa, mas com mais vitalidade do que mil Fergies de humps criados em laboratório, ela tem muito o que dizer, ainda que pelas bocas dos outros.
Apesar da força de suas composições, Patti teve covers como trunfo em sua carreira, vide suas recriações para "Gloria" de Van Morrison (que ela vira do avesso, adentrando a mente da sua protagonista, um pouco além do tesão incubado do jovem Van) e "So You Want To Be A Rock'n'Roll Star". Nesse trabalho recente só de covers, ela vai além. Ela leva a hendrixiana "Are You Experienced" para um pântano escuro. Da dignidade insuspeita ao hit oitentista "Everybody Wants To Rule The World" dos Tears For Fears (sempre gostei deles,mas por razões meio suspeitas), consegue ser relevante com clássicos como "Soul Kitchen", "White Rabbit" e "Gimme Shelter" (Doors, Jefferson Airplane e Stones, respectivamente) e, pasmem, consegue uma versão surpreendentemente dolorosa e pungente para "Smells Like Teen Spirit",de vocês sabem quem (Quem falar em Cassia Eller, leva um chute no olho!).
Tem que ter muito pra dizer para expressar tanto sem usar uma palavra própria. Faça o seguinte: depois do sensacional cd da Yoko, baixe esse. E deixe passar qualquer banda formada exclusivamente por rapazolas, quer dizer, supondo que você realmente se importe com a música.

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Concordo plenamente!!!!!!

8:59 PM  
Blogger Marcos AM Ramos said...

Quero ouvir essas versões. O show foi nota mil, e exclusivamente por ela mesmo.

6:46 PM  
Anonymous Anonymous said...

Oh Deus, não conheço muito de Pati Smith, mas fiquei com vontade de ouvir esse CD. Sou oitentista...mas eu ouvia mais "daqueles garotos" saca? rs

gostei do texto.

8:03 AM  

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