Wednesday, February 21, 2007

Eu acho o Lou Reed um babaca. Tudo bem que ele fez alguns dos meus discos favoritos de todos os tempos, tipo o Velvet Underground & Nico, o New York, o Songs For Drella, o Berlin, tá. Contudo, sendo o babaca que ele é, e acho isso mesmo, por isso repito, lá vou eu, talvez mais babaca ainda, citando ele pela segunda vez nesse brógui.
"Não é sempre que se pode confiar na sua mãe". Fato. Minha mãe me contou algumas mentiras. E não falo aqui de omissões, tipo a minha gatinha que morreu atropelada quando eu tinha 10 anos e cujo destino trágico eu só descobri ano passado (!). Falo de mentiras mesmo.
Minha mãe dizia que se eu mantivesse meus bizarros hábitos alimentares, as paredes do meu estômago colariam e eu morreria, e dizia isso citando um exemplo da filha de alguém com quem teria acontecido isso. Minha mãe dizia que eu teria pesadelos caso ficasse olhando para os reflexos das gotas de chuva no vidro da janela - sério isso!. Minha mãe dizia que eu pegaria uma penumonia instantânea caso tomasse banho e não me enxugasse.
Mais do que tudo, minha mãe disse que eu ia crescer e mudar.

Hoje vi mamãe e, sendo esse um espaço no qual falo basicamente de mulheres e música, achei que era hora de botar essa velhinha mentirosa fã de Cult, Jeff Buckley e Simple Minds aqui, entre minhas mulheres mortas. Minha mãe é a pessoa que mais amo no mundo. Eu sei que eu devia dizer isso para ela, mas é difícil dizer essas coisas. Você não fala com sua mãe sobre o piercing da Karina Bacchi, assim como você não fala sobre o quanto gosta dela.Da mãe, digo.
Eu tenho os olhos dela, o que não é pouco. Olhos de bonzinho, muito mentirosos, por sinal. Eu e minha mãe não somos bonzinhos. Talvez não sejamos abertamente malvados só por covardia ou preguiça.
Aqui nessa casa eu sinto a falta dela. Ela não entende que aqui eu faço um estágio para quando ela não estiver mais por perto. Eu me embebedo de solidão. Eu deito no terraço vendo as primeiras gotas de chuva caindo do céu e molhando minha cara de pateta. Eu toco violão para o meu morro favorito (já que minha platéia favorita acha minhas singelas baladas um primor de breguice), eu tento, eu tento, eu tento fazer cada dia não ser completamente inútil, porque a gente cruza uma esquina e um cofre cai na nossa cabeça, sempre se sabe.
Paro.

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