A vida não é bela.
Um bar sujo. Um despachante entediado sentado numa cadeira com uma perna podre (a dele? Da cadeira? Fica por sua conta) rabiscando palavras e números inúteis. O tempo se esfrega sobre quem ainda vive como a língua de um réptil que não foi criado por Deus. Se vive?
O dono do bar sujo é igualmente sujo, talvez mais. Não tem olhos, mas ainda sobraram alguns dentes para barganhar com o diabo. Uma corda pequena demais enforca aos poucos um gato filhote, que passa o dia inteiro sem poder se deitar ou fazer qualquer outra coisa. Se você comenta com ele sobre o sofrimento do pobre animal, ele comenta com um sorriso venenoso "Pode me denunciar!".
À frente do bar ônibus imensos de metal esfumaçam o ar. Não faz diferença o que quer que seja esmagado sob os pneus do monstro, são muitos quilômetros já. São muitos quilômetros e qualquer coisa está condenada a isso. Olhando ao redor, os condenados andam em círculos. Olhar muito pode levar a náuseas.
São 3 horas da tarde e o sol não nasce há 20 dias. O gato, com sorte, vai viver mais uns dias. O bar e seu dono vão viver para sempre.
O dono do bar sujo é igualmente sujo, talvez mais. Não tem olhos, mas ainda sobraram alguns dentes para barganhar com o diabo. Uma corda pequena demais enforca aos poucos um gato filhote, que passa o dia inteiro sem poder se deitar ou fazer qualquer outra coisa. Se você comenta com ele sobre o sofrimento do pobre animal, ele comenta com um sorriso venenoso "Pode me denunciar!".
À frente do bar ônibus imensos de metal esfumaçam o ar. Não faz diferença o que quer que seja esmagado sob os pneus do monstro, são muitos quilômetros já. São muitos quilômetros e qualquer coisa está condenada a isso. Olhando ao redor, os condenados andam em círculos. Olhar muito pode levar a náuseas.
São 3 horas da tarde e o sol não nasce há 20 dias. O gato, com sorte, vai viver mais uns dias. O bar e seu dono vão viver para sempre.
4 Comments:
Talvez o terrível odor de urina os mate antes.
que ódio.
por essas coisas, às vezes, prefiro não sair de casa.
mas eu sei que elas continuam acontecendo loucamente do lado de fora, e não sinto nenhum alívio por estar dentro de casa.
já estão todos mortos, na minha opinião, o que é um jeito de viver para sempre.
o que você viu é apenas um pedaço do inferno.
você conhece o giger, né? aquele pintor que fez a arte dos "alien" 1, 2, 3, 4 etc...
o que vc descreveu parece um quadro do giger. não um específico, mas poderia pertencer ao conjunto da obra.
eu acredito em redenção e justiça divina. só o gato sobreviverá e conhecerá o verdadeiro paraíso. se eu não acreditar nisso, eu me mato, e eu não posso fazer isso.
Se nesse bar servir pão francês com mortadela e coca-cola de garrafinha, eu passo lá qualquer hora dessas pra fazer um lanche da tarde.
Afinal, pelo que você falou, não vão fechar tão cedo...
E se o gatinho ainda estiver lá, eu solto, pode deixar.
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