Leonard Cohen - Songs
Vamos falar do melhor letrista da música pop. Não, nada de Dylan com referências espertinhas da literatura, tirando uma onda de poeta beat. Nem Morrissey fingindo que é tristinho e pegando emprestado na mão grande dos clássicos da literatura inglesa. Muito menos Jim Morrison chapado de ácido e escrevendo poesia que parece papo chato de bêbado. Aqui a coisa é séria. Vamos falar do "judeuzinho que escreveu a bíblia". O Cohen.
O cara já tinha alguma reputação como poeta quando gravou esse disco, justamente naquele período ali do final dos anos 60 que citei no post anterior, tão favorável aos folk singers. Trintão, mulherengo e com um fiapo de voz, ele deve ter pensado "Judeu e feio eu também sou. Se o Dylan pode...".
Na época de seu lançamento o disco foi considerado trilha sonora para suicidas, dado o clima nada festivo de suas canções. Quem bebeu daqui? Andrew Eldritch e suas "Sisters Of Mercy", título de uma das mais belas canções do Cohen, presente aqui. Nick Cave, Ian McCulloch, Lloyd Cole e até o Morrissey dizem que andou elogiando esse trabalho publicamente. Mas também, não tem muito como ser diferente.
Produção impecável, com vozes fantasmagóricas femininas e cordas estrategicamente espelhadas, assim como instrumentos dispostos de forma esparsa ao longo do disco. O violão de Cohen surpreende pela eficiente execução, por vezes bastante complexa (em "Stranger Song", por exemplo).
Mas é nas letras que o bicho pega mesmo. Exemplos:
"Enquanto a noite passa/Fique mulher viajante/Sei ser só uma estação/no seu caminho, não um amante". Tá, forcei a barra para rimar, porque no original rima. "Você se segurou em mim como se eu fosse um crucifixo/Enquanto seguíamos ajoelhados noite adentro". E "That's No Way To Say Goodbye" com suas imagens vívidas de um romance, assim como "Master Song" talvez seja a melhor música de corno de todos os tempos. Destaque também para o "la la la" que fecha o disco em "One Of Us Cannot Be Wrong", certamente um dos lalalas mais perturbadores da história da música. E "Suzanne" e "So Long, Marianne"...
Desista, você nunca vai escrever como ele.
3 Comments:
e onde é que nós baixa?
ps: achei bonitinho, ele.
Estou ouvindo agora.
Achei parecido com Syd Barrett, só que menos maluco. Parece que o Lou Reed imita um pouco ele também (estou falando só da sonoridade, não das letras).
Bem, posso estar falando besteira também.
Eu sou brasileiro, e não desisto nunca!!! Antes dos 75 eu ainda escrevo uma letra melhor que as do Cohen, hahahahahaha!!!!!
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