Monday, June 30, 2008

Blur - "Think Tank"

Por todos os anos 90, a mídia explorou aquela briguinha ridícula pública entre Oasis e Blur, emulando a outra briga falsa entre bandas inglesas, Beatles X Stones, que rolava nos anos 60. Entretanto, se fosse tolo o suficiente para entrar nessa naquele período, talvez eu tivesse optado pelo Oasis, que apesar de ser composto por dois autênticos babacas ingleses da pior espécie, na minha opinião sempre teve as melhores composições. Os fãs do Blur em geral eram aqueles que põem o estilo acima das composições, aqueles que preferem uma música ruim, mal composta, mal tocada, mal cantada, mas que soe estilosa.
Para minha grande surpresa, de onde menos se esperava saíram belíssimos coelhos. Em 2003, a banda estava prestes a desabar, com a saída seu guitarrista Graham Coxxon. A opinião geral era de que a banda não resistiria, no entanto, "Think Tank" veio e bombardeou os incautos, como eu.
A frase de abertura da primeira canção já entrega "Não tenho nada a temer". Então, já que o estilo da banda certamente sofreria com a ausência de Graham e sua guitarra, por que não expandir os limites da sonoridade da banda de uma vez? E foi justamente onde eles acertaram. "Ambulance", a faixa inicial é um excelente cartão de apresentação. Loops e ruídos desembocam num groove poderoso que quando começa a engatar, só para nos chatear, termina.
A faixa seguinte é a belíssima e melódica "Out Of Time", que deixa aparente que o tempo passado pelo vocalista Damon Albarn entre comunidades de músicos no Marrocos não foi exatamente de férias. A balada consegue unir delicadeza com violões dedilhados e sons nada britânicos, criando algo difícil de definir. Algo belo sem dúvida. Seria ela própria a "lovesong to set us free"?.
"Crazy Beat", produzida por Fatboy Slim, parece um aceno aos fãs do Gorillaz, já então um projeto extremamente bem-sucedido de Albarn. "Good Song" é só boa, mas também guarda suas surpresas no quesito groove.
"On The Way TO Club" tem um baixo atmosférico que nos interrompe e nos joga num buraco antes que entremos no clube. Albarn resignado e irônico canta "Eu só queria, querida, estar com você/É assim que se faz música/Meus olhos não são azuis/ não há o que eu possa fazer". "Brothers And Sisters" já nos permite dançar, mas lembrando que somos todos "uns toamdores de drogas".
Há espaço para ainda mais beleza, sempre com um toque experimental magnificamente colocado em faixas como "Battery In Your Leg", "Sweet Song" e até mesmo em "Morocan Peoples Revolutionary Bowls Club". Até punk rock surge em "We've Got A File On You".
Após o disco a banda terminou e Albarn até fez coisas legais, como o The Good, The Bad and The Queen e o segundo dos Gorilaz. Contudo, o BLur despediu-se em alto estilo, com um elegantíssimo epitáfio.
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