Friday, March 27, 2009

A-HA 26.03.2009

Se me dissessem nos anos 80 que eu faltaria ao trabalho numa quinta-feira para assistir a um show do A-HA, eu ficaria muito preocupado. Primeiro, porque nas minhas visões de um futuro ideal da época, eu certamente não me via no tipo de emprego que te ocupa numa quinta à noite. E segundo, porque, garoto bobo que eu era, desprezava o pop honesto da banda, tentando eu entrar em sintonia com o "bom gosto" que vinha por Cr$ 20,00 na Revista Bizz. Pop era então para mim uma palavra depreciativa, como se a música que os meus favoritos da época particavam não o fosse. (O U2 viria a confirmar a afinidade, afanando na cara dura o refrão de um hit dos noruegueses, "The Sun Always Shines On TV", no seu single dos anos 2000 "Beautiful Day").
Uma rápida olhada no público do show de ontem já denunciava um inegável aroma de revival no ar. Dois dos amigos que me acompanhavam admitiram o caráter nostálgico que o show representava para eles. Será que eu era o único ali com esperanças de que a banda tocasse algumas das boas canções de seu último álbum, "Analogue", como a balada "Cosy Prisons"?
Acho que sim. Até onde pude identificar, até a banda ignorou seu último álbum, concentrando suas forças numa emulação sonora e visual, na medida do possível, do período em que tiveram mais fama. Um olhar rápido para o palco deixava claro que é mais fácil reproduzir timbres de synths dos anos 80 do que esconder as rugas, mas antes assim do que aquelas clássicas tentativas de bandas decadentes de modernizar seu som.
A banda jogou claramente para a platéia. Todos os hits em arranjos fiéis, bis com o hit máximo, "Take On Me", espaço para isqueiros serem acesos (sim, ainda fazem isso. Na verdade, o telão, no momento de uma balada, talvez "Stay On These Roads", chega mesmo a exibir imagens de isqueiros acesos), poucas músicas novas, espaço para palmas e para participação da platéia, o de sempre. O som estava embolado e dando a impressão de que o vocalista Morten Harket (talvez seja esse o nome dele, nunca se sabe com esses nórdicos) já não tinha aquela voz de seus tempos de garoto (síndrome de ausência de banda de abertura, como observou o perspicaz gênio desconhecido da música pop Marcos Ramos, segundo o qual parece ser tradição o papel de boi de piranha das bandas de abertura, passadores de som não- oficiais. No caso da falta deles, parece que a tradição dos shows no Brasil é a própria atração principal se foder).
A platéia pareceu se divertir, ainda que empolgação mesmo só rolasse nos hits. Até eu, chato de plantão, me peguei percebendo a influência dos caras no pop britânico de Coldplays e Keanes...

2 Comments:

Blogger Marcos AM Ramos said...

Não vi o show, mas me parece um post muito justo. Realmente, tava na hora de alguém admitir que o A-Ha teve influência, e não foi pouca (nem de leve) em muita coisa que a gente ouviu depois, bem depois.
A comparação das bandas de abertura com "boi de piranha" foi perfeita, é mesmo o que acontece aqui no BR, e na falta desses bois, o show principal é quem vai pro brejo mesmo...
"Take On Me" e "Stay On These Roads" são músicas que ouvirei pra sempre, mas como não consigo evitar soar "lado B" às vezes, preciso aproveitar o espaço pra falar de "There's Never a Forever Thing", que acho fodona mas duvido que eles toquem em shows.

9:59 PM  
Blogger Gustavo Agê said...

Mesmo não sendo profundo conhecedor da banda, tendo-a apenas naquela gaveta amontoada na memória, me permito dizer que foi um show morno. Saí com a idéia de que poderia ser melhor do que foi.

5:47 AM  

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