Sunday, January 04, 2009

Morrissey "Years Of Refusal"


Ouvido. Vamos para 2010, 2009 já tem o melhor disco do ano. Canções tão boas quanto as de "Vauxhall And I", sem o excesso de baladas. Guitarras tão boas quanto as de "Your Arsenal", mas sem descaracterização. Letras tão boas quanto as de "You Are The Quarry", mas sem os equívocos de produção. Desde já, este lançamento pode ser incluído entre os melhores da carreira de Morrissey, e isso não é pouca coisa.
Não, não há nada de novo aqui. O som é básico, guitarras, baixo e bateria, com eventuais teclados, violões e um trumpete meio mariachi. Mas qualquer um que conhece o trabalho do cantor, sabe que, em sua carreira solo, a música fica a serviço dos maiores talento que Morrissey possui: seu timbre único de voz e suas letras igualmente inimitáveis (Em oposição aos Smiths em que as brilhantes guitarras de Johnny Marr competiam em pé de igualdade em termos de genialidade).
O álbum abre com o pique que permanecerá em boa parte do álbum, ritmo acelerado e guitarras altas, com ele dizendo, para terror dos fãs equivocados que não percebem o humor evidente em boa parte de suas letras "Eu vou muito bem". Teria o homem encontrado a felicidade enfim? Bem, mais à frente temos a faramcêutica resposta "Diazepan, Valium, Tarmazepan, Lítio, HRT, ECT/Por quanto tempo vou ter que continuar tomando isso?". Chama a atenção também na faixa de abertura alguns agudos interessantes não muito comuns no estilo do cantor, que quase sempre mantém sua voz numa zona confortável(claro, quando não arruina tudo com seus horríveis falsetes à la "Miserable Lie").
A segunda faixa "Mama Lay Softly On The Riverbed", em que ele consegue fazer gracinha com a morte de mãe (de alguém): "A vida não é muito a se perder" sob uma batida marcial. "Black Cloud" traz uma levada que deve agradar aos fãs de "Irish Blood, English Heart", mas sem a urgência da letra desta. "I'm Throwing My Arms Around Paris" é a primeira balada, e traz um daqueles refrões clássicos que fazem a alegria/tristeza dos fãs de Morrissey: "Estou abraçando Paris, porque só pedras e aço aceitam meu amor". Sem medo do ridículo ele segue para dizer com todas as letras "Ninguém quer meu amor". E tem fã bundão que leva isso a sério.
"All You Need Is Me" é mediana e já constava da coletânea "Greatest Hits". Nada parece justificar sua presença aqui, mas, em conjunto com as demais canções, a música pareceu se adequar e caiu até bem melhor do que antes. E versos que ninguém mais senão ele escreveria: "Há um homem nu, rindo, em seus sonhos/Você sabe quem é/Mas não gosta do que isso significa".
"When Last I Spoke To Carol" traz uma levada meio "espanhola" que pode qualificar a música como a mais fraca do álbum, mas a próxima, que também constava da coletãnea anterior, mas, que a primeira audição já se mostra um clássico, justifica completamente sua inclusão neste trabalho e levanta a bola novamente: "That's How People Grow Up" tem, talvez, os versos mais geniais da década "Eu estava dirigindo meu carro/Bati e quebrei a espinha/Então, sim, há coisas piores na vida/Do que nunca ser o queridinho de alguém".
"One Day Goodbye Will Be Farewell" vem com baixo distorcido e um aviso hilário "Seja sempre cuidadoso ao abusar de quem você ama". Mas tem mais: "As criancinhas sorridentes dizem que você fede...E quando eu morrer quero ir pro inferno". Eo trumpete volta, meio abusado entre os refrões. "It's Not Your Birthday Anymore" tem até um loopzinho tímido, uma melodia encantadora e uma letra aterradoramente cruel: "Não é mais seu aniversário/Não é mais preciso ser gentil com você(...)/Você realmente achou que eram sinceras/aquelas coisas sentimentalóides e bregas que dissemos?". No meio ele até enfia uma referência a um pouco de amor no chão, para nos lembrar que o jovem senhor já não é o celibatário de antes.
"You Were Good In Your Time" não é tão boa quanto seu título promete, sendo quase uma retomada do tema do idoso decadente presente em "Papa Jack" de "Maladjusted". Ainda assim, a sombria balada toma um ar nais interessante, se considertarmos a letra como se escrita do ponto de vista de um fã, e sendo o idoso decadente o próprio autor. Sei lá, viagem de um fã.
"Sorry Doesn't Help" nos lembra do mau-caratismo que existe ás vezes por trás de um pedido de desculpas, em ritmo acelerado novamente, após duas baladas, estrategicamente. E se, ao chegarmos a "I'm OK By Myself", temos a leve sensação de já termos ouvido aquela levada algumas vezes ao longo do álbum, prevalece a sensação de que este é o álbum em que Morrissey menos erra há pelo menos 8 discos em sua carreira.
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2 Comments:

Blogger Marcos AM Ramos said...

Ótimo álbum. Baixem e ouçam algumas vezes, sem desconfiança.

5:53 AM  
Blogger Lizz Mariano said...

Muiito bom mesmo!

7:24 AM  

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