Friday, July 20, 2007

Esses garotos de hoje em dia...


Você percebe que seus amigos estão ficando velhos quando as reclamações sobre essa juventude de hoje em dia começam. "Esses moleques não saem da frente do computador...", "Essa molecada não sabe escutar música", "A geração de hoje não sabe curtir...". E se essas palavras saem da sua própria boca frequentemente, aí a preocupação é maior, é você quem está ficando velho e chato. Porque ficar velho é inevitável, mas a chatice é opcional.
Então quer dizer que a produção musical exagerada dos dias de hoje leva a uma saturação do meio (meio sim, mercado é onde se compra, e eu só compro cds a 10 reais. A molecada nem isso!) musical e à mediocridade geral? Pera lá. Se hoje temos um milhão de bandas a cada segundo, pode-se dizer que o mesmo acontecia na década de 60 pós- Beatles, com as devidas proporções, claro. Talvez a maior diferença hoje seja a possibilidade de tomarmos conhecimento da existência desses artistas, sem contar os inegáveis avanços tecnológicos que favoreceram imensamente o "do-it-yourself": hoje nem 3 acordes são mais necessários.
Acho que o grande equívoco de parte da crítica é analisar os artistas surgidos recentemente, usando parâmetros antigos. É o fim do rock star? Viva! Quem precisa disso? As músicas atuais parecem efêmeras? Quem disse que tem que durar? O quê não é efêmero diante da imensidão do universo, hahahahahahahahahahahahahahahahahahaha? Onde está a originalidade? Originalidade não é sinônimo de qualidade. Trata-se de uma visão muito limitada aquela que determina que "se os Beatles acabaram, ninguém mais pode fazer algo naquela linha, ou mesmo seguir de onde eles pararam (Beatlemaníacos, repitam comigo: The Beatles, just a band!).
A música está se transformando porque o mundo está se transformando, e isso é tão óbvio que me sinto até meio idiota dizendo isso. Se as coisas mudam para pior ou para melhor, depende muito da perspectiva de quem analisa. "Ah, mas os moleques de hopje em dia estão mais preocupados em como os artistas se vestem do que com as letras!". Deixa os minino brincar, po! Se você quer chorar (ou se masturbar, dependendo da preferência) lendo Morrissey, Renato Russo ou algum desses poetas (entre aspas, entre aspas), o problema é seu. Aliás, acho que você está na arte errada, o mundo pop é guiado por frases incompreensíveis e geniais como "Uah-bop-a-loo-bop-a-wop-bang-boom" ou "Boing-Boom-Tschak". Música pop, lembra?
"A música se transformou em acessório". Os imbecis sempre existiram. Os canalhas idem. E há até quem diga que são maioria. Desde que comecei a ouvir música e prestar atenção nesse meio, vejo neguinho que aprendeu a tocar um instrumento para pegar mulher,ou que ficou de pé diante do microfone para berrar suas verdades ao mundo. Isso não é fazer a música de acessório também?
De volta ao décimo-primeiro mandamento não-escrito de Moisés (esse ele esqueceu em cima da montanha): "Deixa o cara!"
Post-scrotum: Arctic Monkeys é uma merda. Mas Of Montreal é pior. Gogol Bordello já faz querer matar um. E assim vai.

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