Canções Como Tortura
Existe também o outro lado, aquelas músicas que fazem sua vida pior. Aquelas que seus vizinhos tocam em altíssimo volume em aparelhos de som de péssima qualidade no domingo de manhã. Ou as que tocam no som ambiente de algum ambiente do qual por uma circunstãncia qualquer você não pode sair.
Esse tipo de lista pode ocupar uma vida inteira, e como não desejo terminar meus dias de modo tão sórdido, vou incluir nesse post apenas as que me ocorrem no momento.
"We Are The World", USA For Africa. Dane-se a causa. Engajamento geralmente leva aos piores desastres na arte. Lionel Richie e Michael Jackson, dois ícones da música pop melosa dos anos 80 se juntam e obrigam nomes, alguns até bastante respeitáveis dentro do cenário pop (Stevie Wonder, Dylan, Ray Charles) a passarem o maior ridículo de suas vidas. Letra e música hors-concours no quesito monstruosidade. A letra começa com "Chega uma hora...", daí pra frente, nada se salva. Realmente chega uma hora em que não dá mais. É o refrão "Nós somos o mundo, nós somos a crianças/Nós somos aqueles que trarão um dia melhor (aproximadamente isso)/Então vamos começar a dar". Vamos começar a dar, Michael Jackson? Deixa pra lá. ruim, ruim. E teve uma época em que essa música foi onipresente. A música pop piorou depois dessa música e a situação na África idem.
"Faroeste Caboclo", Legião Urbana. Claro, a Legião Urbana merece um capítulo a parte no que se refere a crimes contra o ouvido alheio. Mas "Faroeste", sintetiza (sintetiza? Sintetiza nada, são nove minutos e porrada...!!!) aquele espírito adolescente oitentista, garrafões de vinho barato, vida sexual mal-resolvida e violões de cordas de nylon desafinados. Que inferno, meu Deus! A coisa começa meio folk, meio modinha, contando a história do tal João de Santo Cristo. que numa história mal-explicada consegue uma viagem para Brasília, depois de uma adolescência problemática. (Adolescentes problemáticos de todo o Brasil instantaneamente se identificam e se prontificam a decorar a quilométrica letra). O instrumental varia do punk rock de mentira com base num violão batido para um folk de mentira, com o insistente violão e a voz de crooner messiânico dono da verdade do ainda não canonizado pelo vaticano, São Renato Russo. A maçaroca da letra faz ainda referências a drogas e a generais atrás da mesa com o cu na mão (Aí os adolescentes choram. Dá pra falar palavrão alto e tudo - ainda tem um filho da puta no final). Entra um antagonista que rouba a mulher do herói, rola um duelo, o herói se fode, e aí, mas a "menina falsa", se volta de novo para nosso herói e ele consegue sua vingança. A coitada também morre, não fica claro como.
Aí finalmente essa coisa modorrenta se aproxima do final, e um inevitável alívio toma conta de nossos ouvidos fatigados com essa merda longuíssima, uma espécie de monstro punk-folk-progressivo. (Progressivo por causa da duração, me perdoem). E a gente descobre que o João queria "era falar com o Presidente". Peraí! Ele não tinha ido para Brasília acidentalmente ("Eu fico aqui, você vai no meu lugar", etc.?). Eu nem vou falar de coisas como "destemido e temido". Nem vou falar mais nada para falar a verdade.
Esse tipo de lista pode ocupar uma vida inteira, e como não desejo terminar meus dias de modo tão sórdido, vou incluir nesse post apenas as que me ocorrem no momento.
"We Are The World", USA For Africa. Dane-se a causa. Engajamento geralmente leva aos piores desastres na arte. Lionel Richie e Michael Jackson, dois ícones da música pop melosa dos anos 80 se juntam e obrigam nomes, alguns até bastante respeitáveis dentro do cenário pop (Stevie Wonder, Dylan, Ray Charles) a passarem o maior ridículo de suas vidas. Letra e música hors-concours no quesito monstruosidade. A letra começa com "Chega uma hora...", daí pra frente, nada se salva. Realmente chega uma hora em que não dá mais. É o refrão "Nós somos o mundo, nós somos a crianças/Nós somos aqueles que trarão um dia melhor (aproximadamente isso)/Então vamos começar a dar". Vamos começar a dar, Michael Jackson? Deixa pra lá. ruim, ruim. E teve uma época em que essa música foi onipresente. A música pop piorou depois dessa música e a situação na África idem.
"Faroeste Caboclo", Legião Urbana. Claro, a Legião Urbana merece um capítulo a parte no que se refere a crimes contra o ouvido alheio. Mas "Faroeste", sintetiza (sintetiza? Sintetiza nada, são nove minutos e porrada...!!!) aquele espírito adolescente oitentista, garrafões de vinho barato, vida sexual mal-resolvida e violões de cordas de nylon desafinados. Que inferno, meu Deus! A coisa começa meio folk, meio modinha, contando a história do tal João de Santo Cristo. que numa história mal-explicada consegue uma viagem para Brasília, depois de uma adolescência problemática. (Adolescentes problemáticos de todo o Brasil instantaneamente se identificam e se prontificam a decorar a quilométrica letra). O instrumental varia do punk rock de mentira com base num violão batido para um folk de mentira, com o insistente violão e a voz de crooner messiânico dono da verdade do ainda não canonizado pelo vaticano, São Renato Russo. A maçaroca da letra faz ainda referências a drogas e a generais atrás da mesa com o cu na mão (Aí os adolescentes choram. Dá pra falar palavrão alto e tudo - ainda tem um filho da puta no final). Entra um antagonista que rouba a mulher do herói, rola um duelo, o herói se fode, e aí, mas a "menina falsa", se volta de novo para nosso herói e ele consegue sua vingança. A coitada também morre, não fica claro como.
Aí finalmente essa coisa modorrenta se aproxima do final, e um inevitável alívio toma conta de nossos ouvidos fatigados com essa merda longuíssima, uma espécie de monstro punk-folk-progressivo. (Progressivo por causa da duração, me perdoem). E a gente descobre que o João queria "era falar com o Presidente". Peraí! Ele não tinha ido para Brasília acidentalmente ("Eu fico aqui, você vai no meu lugar", etc.?). Eu nem vou falar de coisas como "destemido e temido". Nem vou falar mais nada para falar a verdade.