Whale E Os Anos 90

Nos anos 90 eu era jovem ainda. Tinha mais paciência com tudo e mais disposição. Às vezes eu olho em retrospectiva para aquele cara e me pergunto se era eu mesmo.

Por exemplo, eu achava essa mina do Whale a maior gostosinha,

Principalmente no clip de Pay For Me, já que o de Hobo Humpin... é tão bizarro, que me deu vontade de fazer um post só para descrever o que nele se desenrola. Quem sabe faço isso depois. Bem, a questão é que, parafraseando aquela música do Ira!, hoje eu gosto de "pernas bem mais grossas". E bem mais melanina, se é que vocês me entendem.

Mas o Whale merecia mais atenção. Eram bem estranhinhos, vinham de um país nórdico (Noruega, Dinamarca, Suécia, sei lá) e faziam uma música que se equilibrava bem entre o experimental, o pesado e o dançante. O CD We Care, chegou até a sair no Brasil, afinal quase tudo saía no Brasil na época (coleção do Echo & The Bunnymen, Neil Young, Doors, nas paredes das Lojas Americanas, acredita?). Que saudade as gravadoras devem ter daquele tempo em que ganharam um dinheiro absurdo com investimentos mínimos.

Quando penso em minha juventude, penso nos anos 90. A impressão que tenho é que toda a minha vida de jovem ocorreu naquela década, ainda que minhas memórias mais sentimentais talvez venham da década anterior. Fui feliz nos anos 90? Não. Me apaixonei demais pelas mulheres erradas (se apaixonar demais é sempre errado. Se apaixonar é sempre errado, sei lá), perdi tempo com músicos medíocres, mas li livros excelentes e fiz uma meia dúzia de amigos para a vida inteira.

Mas o Whale merecia mais atenção, mesmo nesse post. Dê uma ouvida, se gostou.

Jens Lekman Se Ferrou

Jens Lekman contraiu a gripe suína. Pegou no Chile, durante uma turnê. Portanto, amigos leitores, evitem a América do Sul e...merda, nós estamos na América do Sul.
Com seu talento habitual ele relatou a descoberta da doença e seus primeiros sintomas, dentro do vôo de volta para seu país natal: "...Os olhares das pessoas eram gentis, mas determinados, "Pobrezinho, estimo suas melhoras, mas se você se aproximar de mim ou de meus filhos, serei obrigado a atacá-lo com esse garfo de plástico"". Mais á frente, ele cotinua no post em seu site "Agora estou de quarentena por dez dias. Vejo o verão pela janela, e isso é perfeito. O verão sempre é melhor visto pela janela"
Alguém próximo seu já pegou?

Mários

Esse rabi bastante sábio disse mais ou menos que ainda que você saiba que o trabalho jamais vai ser feito, você não tem outra alternativa, senão continuar o trabalho.

Às vezes eu não sinto nada. Às vezes eu sinto tudo. Eu prefiro a primeira opção, lógico.

A vida é um jogo muito divertido em que ninguém ganha.

Vou ao cinema e já volto.

Who's Dead?

Morreu ontem, dia 25/08/2009, após uma parada cardio-respiratória, o auto-intitulado "king of pop", Michael Jackson. Já não era rei (e há algum artisto intitulado "rei" que não seja completamente ridículo?) e nem popular como em seu auge. Suas aparições na mídia nos últimos tempos se deviam quase que exclusivamente às bizarrices da sua vida pessoal.
Contudo a história havia sido diferente um dia. Nos anos 70, ele era um moleque absurdamente talentoso, com domínio vocal e performance vocal digna de um veterano, à frente do Jackson 5, e depois dos Jacksons, em paralelo à sua carreira-solo. Não fosse tão talentoso, tão jovem, talvez pudesse ter mantido sanidade. Na década seguinte, redefiniu o pop, com o "álbum mais vendido de todos os tempos", Thriller.
Seu álbum mais famoso, que dinamitou de vez a absurda barreira ainda existente no início dos anos 80, que separava as paradas de sucesso 'brancas" das "negras". Nem era seu melhor disco, o anterior Off The Wall talvez tenha sido sua obra-prima, mas Thriller marcou época e foi um divisor de águas na história da múisca pop.
Se formos mencionar a era do videoclip, aí então é que o álbum toma proporções míticas. Faixas do álbum, "Billie Jean", "Beat It" e "Thriller" são, até hoje, clips que hipnotizam multidões, sempre que exibidos, a despeito das coreografias que envelheceram de modo...peculiar (Ok, eu tenho preconceito contra dança em geral. Eis uma arte que me parece ridícula em 99% dos casos). Jovens do mundo todo, eu inclusive, tentaram adotar, na medida do possível, o visual de gosto discutível adotado pelo cantor na época: cabelos cacheados cheios de gel, jaqueta vermelha, calças justas curtas ("pescando siri"), meias brancas, sapatilhas pretas, luva numa mão só...Bem, a luva única não foi tão popular quanto poderia ter sido...
Após seu auge, só lhe restaram diversas tentativas de retorno ao "trono". Discos que variavam do mediano (Bad) ao ruim (Dangerous), incursões desastrosas no cinema e absurdos de sua vida pessoal. Teria ele comprado o esqueleto do Homem-Elefante? Dormiria toda noite numa câmara hiperbárica? Teria feito incontáveis cirurgias e tratamentos obscuros tentando ficar branco? Sofreria de vitiligo? Câncer de pele?
Quanto à sua bizarrice principal, a intimidade de homem adulto com crianças, tenha sido ela de caráter sexual ou não, demonstrava um sério desvio de personalidade, uma tendência doentia inegável.
Morreu só. Ridicularizado por boa parte da mídia, atravessando dificuldade financeira, confirando o final trágico tradicionalmente reservado às grandes estrelas populares.
Aguardem a cinebiografia.

Kate Moss Kills

Dizem que a quantidade de fotos de mulheres
nuas no blog de um cara é inversamente pro-
porcional às mulheres nuas que ele vê ao vi-
vo, né?

A questão é que eu tenho uma certa antipatia pela Kate Moss, que agora cresceu um pouco mais. Sabe que ela namora o guitarrista do Kills né? Pois é. A moça, num acesso de fúria, durante uma briga, atirou uma bolsa do rapaz dentro de uma piscina, sem saber (ou sabendo, e acho que ela tem um coração ruim) que a mesma continha um laptop com novas músicas do Kills.
Ou seja, se o novo álbum do Kills demorar a sair, a culpa é da Moss.

Say Yes To Drugs

Mas confesso que Cearix e Miss Kita já agem assim, sem ervinha mesmo.

Elva Sings The Blues

Mais um clássico da música impopular toma formas. O Elva Urf, projeto musical de Crissssssssss Sssssssssssssssssss e eu, está dando os retoques finais (quando a preguiça permite) no álbum de covers que prometemos a nós mesmos já há anos. Fomos caras de pau o suficiente para fazermos versões de artistas que amamos loucamente, como PJ Harvey, Suicide, Can e...Eurythmics? Mas a gente não ama loucamente o Eurythmics. No máximo, temos uma coletânea com os hits. Crissss tem uns discos da Annie Lennox solo, mas eles ficam na parte de baixo da coleção, aquela que quase não se ouve.

Se você ficou curioso/a, visite www.myspace.com/theelvaurf e ouça bem alto, com headphones numa longa noite escura e você perceberá alguma coisa qualquer.

You Know They Call Me A Worthless Bum disse (22:20):
juro que tem uma música do desert sessions que é roubada disso
elvaurf@hotmail.com disse (22:21):
sim, sim
comentamos na época
You Know They Call Me A Worthless Bum disse (22:21):
eu tenho medo da diamanda galas e não é pouco
elvaurf@hotmail.com disse (22:22):
eu tb

Uma Voz A Menos, Koko Taylor

Pois é, amigos. Aos 80 anos, após complicações numa operação, a cantora de blues que toda cantora filha de alguém da nossa mpb (música pobre banal) deveria ouvir diariamente para entender o que é cantar, abandonou o planeta Terra.

A Difícil Transição ou O Rápido Processo De Esmerdalhamento De Uma Promessa

Como já havia acontecido recentemente com outra promessa, Kate Nash, que de inventivas e originais demos,descambou para um álbum pop barato e convencional, mais uma vez parece sepultado um talento precocemente.
A moça do Little Boots, que surpreendeu ouvidos do mundo inteiro no final do ano passado com o fantástico single "Meddle", acaba de lançar um álbum vagabundo, sem-graça, barato, desinteressante. A impressão que nos invade depois de algumas audições, é a de que a moça mediu sua proposta estética pelo nível fuleiro do pop r'n'b vagabundo de britneys e similares (não, não engulo essa de que tem músicas da Britney legais. É como Roberto Carlos, não tem essa de fase boa, é uma bosta e ponto final).
Tão ruinzinho que até a ótima "Meddle" pareceu pior.
Mas também, convenhamos, a capa meio que já nos prepara para isso, não é não?

Claro que não tem link né? Pra quem quiser se arriscar, já tem no demonoid.

Post bastante influenciado pelas idéias nefastas de Crissss Ssssssssssssss.

Não Sou Eu Não, Tá Me Estranhando?

Não, não sou eu entrevistando o Sonic Youth. Não me sento desse jeito aviadado, nem uso calças tão apertadas. Mas se fosse eu, eles não estariam rindo, porque eu estaria dizendo que enfim, depois de mais de uma década, eles fizeram um disco decente.