Ou This Perfect Album. Em um mundo cada vez mais afetado pela banalidade, em que qualquer barbudinho com um violão é chamado de gênio folk, é fácil perder a fé na melodia e na simplicidade (apenas aparente) de boas canções pop. O único antídoto possível para esse mal de nossa época são discos como esse.
Freedy Johnston não é cool. É careca, cara de bancário, nada rock and roll, até bom rapaz, comum, desde o início da carreira parecia trintão já. Que ótimo, nenhum risco de ser adotado por indies ignorantes. Tem uma carreira irregular, com alguns acertos e muitos erros, mas aqui foi muito feliz.
O disco saiu na década de 90, produzido pelo então poderosíssimo Butch Vig (produtor de um discos que definiu a época, "Nevermind", do Nirvana), mas aqui o barulho fica de fora. O som é aquele feito por trocentos outros compositores norte-americanos, meio folk rock, só que...funciona. Talvez pela voz levemente melancólica de Freedie. Certamente pelas guitarras econômicas certeiras e pelas letras desconcertantes, que abordam temas como abuso sexual, suicídio, sedução de menores, psicopatas, etc. Bem América, na verdade.
O álbum abre com "Bad Reputation", que é o melhor momento do disco. Se você não gostar dessa, desista. Sei lá, vá ouvir o Curumin, ou o Sonic Youth imitando a si mesmo no seu último trabalho. "Ah, mas que som sem graça". Sei. As guitarras de "Two Lovers Stop" embalando um suicídiozinho básico, os acordes de "Evie's Tears" e sua protagonista com um passado de abuso por um padre, "This Perfect World" com seu protagonista psicopata tentando dar uma de bom pai...É, o cara não é aquele tipo de compositor sentimental egocêntrico, trata-se mais de um excelente contador de histórias perturbadoras.
Mesmo em minha fase atual, mais direcionada aos grooves (ah, Crisssssss Ssssssssssssss), eis um disco ao qual sempre volto em busca de canções. Simples.
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