Saturday, May 31, 2008

A Felicidade (O Prazer?) Em Ouvir Joy Division À Meia-Noite De UM Sábado Solitário E Frio

Joy Division era a trilha sonora da minha vida dura de adolescente feio, pobre e antipático (sim, porque feio e pobre ainda aturam, mas esquisitão também aí já é sacanagem!). Mamãe arrumou dinheiro sabe-se lá como, levando em conta o controle financeiro exercido por Papai, e me deu dinheiro no meu aniversário de 15 anos para comprar um disco em Madureira. Com o dinheiro do ônibus de volta mais uns trocados que tinha esquecido, comprei DOIS discos do Joy Division e dei um calote (desci sem pagar pela porta traseira do ônibus, prática comum dos moleques nos anos 80). "Unknown Pleasures" e "Closer".
O primeiro contato com a banda havia sido via televisão, um clip em um programa da extinta Rede Manchete, canal 6. Tempos realmente difíceis. Eu e meus amigos feios e pobres líamos na Bizz sobre bandas que às vezes levávamos anos para ouvir de fato. O clip em questão era o de "Love Will Tear Us Apart". Gravei o áudio da TV numa fita k7 e fiquei maravilhado com aquilo.
Na verdade, já gostava da banda por antecipação. Já havia lido críticas e mais críticas louvando a banda e lido algumas traduções das letras. Juntamente com o "Pornography" do Cure e algumas músicas dos Smiths, a banda tornou-se a trilha sonora ideal para minhas depressões juvenis.
Só que o tempo passou e essa porra acabou né? Quem insiste nessa bobeira de só enxergar trevas no trabalho da banda, ou é imaturo ou simplesmente burro. Isso mesmo.
Como não sentir um leve sorriso nos lábios ao perceber a genialidade da produção de Martin Hannet que soa superior a quase tudo feito mesmo com a suposta qualidade tecnológica de nossos dias? (Dá pra acreditar que tem gente que acha Joy Division mal produzido?). O modo genial como criavam dissonâncias por pura "ignorância" musical como em "She's Lost Control", em que a guitarra vai para um lado e o baixo para o outro, traduzindo o descontrole que a letra narra. O talento de um moleque de 21 anos escrevendo sobre assuntos espinhosos como suicídio, relacionamentos mortos e dor em geral, tentando soar "germânico" e criando um estilo inimitável (Paul Banks, vai à merda!), o baixo "errado" do Peter Hook, agudo e à frente de tudo. As capas, obscuras. A bateria de Stephen Morris, fazendo o suicida dançar disfarçadamente.
Música genial não deixa ninguém deprimido. O que me deprime é axé ou pagode paulista.

Wednesday, May 28, 2008

Dee Dee, o Verdadeiro Paul McCartney

Todos os dois leitores do blog-is-dead sabem que o compromisso e o objetivo desse site são e sempre serão a divulgação das boas novas e da verdade absoluta. Ao digitar aqui sou possuído por um frenesi profético que me permite ter lampejos da grande verdade oculta por trás do espetáculo circense de nossas existências. É mais uma vez hora de compartilhar a luz da sabedoria com vocês, meus dois leitores.
É sabido por todos os imbecis paranóicos nerds fãs de teorias cosnpiratórias fantasiosas e sem base que Paul McCartney, tal qual o conhecemos, não é a mesma pessoa que fundou o mais importante grupo da música pop com aqueles outros três de Liverpool. O Paul fundador dos Beatles supostamente teria morrido em um acidente de carro, pouco antes do término das gravações do "Rubber Soul". Sinais para isso não faltam, por toda a discografia dos Beatles (busque no Google se quiser...). A questão é que, apesar de se aproximar da realidade, esta ainda não é a história que dá conta do que realmente aconteceu.
Fontes que preferem permanecer no anonimato confidenciaram a esse blog o que realmente aconteceu. Puto com a palhaçada que ele já previa que se formaria ao redor da banda que ajudara a formar, Paul recrutou Billy Shears para substituí-lo nos Beatles e sumiu de cena entristecido com o rumo besta que o rock sessentista acabou tomando.
Contudo, nosso herói não conseguiu fugir de seu destino de Deus das Melodia, e vendo a pasmaceira que o rock havia se tornado no início dos anos 70, resolveu salvar de novo a música pop. Pegando emprestando o nome que seu amigo Billy (sim, ele e Billy Shears continuaram trocando figurinhas por bastante tempo ainda, ao contrário dos outros membros da banda que nunca aceitaram sua saída) usava para fazer trabalhos obscuros fora dos Beatles, "Phil Ramone", ele fundou em Nova York com mais três doentes aquela banda que não me canso de babar, os Ramones.
Uma rápida comparação com o trabalho de Billy Shears nos anos 70 e de Dee Dee nos Ramones demonstra claramente de qual lado estava o gênio. Sem falar que a outra grande pista deixada por "Dee Dee" foi justamente a de jamais adotar um nome artístico. Alguns insistem que ele pretendia indiretamente ser descoberto em sua identidade secreta. O fato é que jamais saberemos, pois no iníco da década, alguns anos depois de abandonmar os Ramones, Dee Dee supostamente morreu de overdose.
Teria o Rei morrido desta vez? Por via das dúvidas, é bom atentar para a próxima banda com melodias geniais compostas pelo baixista...

Monday, May 26, 2008

Liberdade, Fraternidade e Igualdade

Quando é que todos nós, que vivemos do lado de cá, vamos vestir nossos capuzes e fazer isso nas Oropa? Legal hein...

Tuesday, May 20, 2008

Quem Não Gosta De Ramones É Babaca

Assisti ontem ao documentário "End Of The Century" sobre a banda. Na década que esculhambou com tudo de bom que os anos 60 trouxeram para a música pop, uma santíssima trindade nos livrou das trevas do pop pobre e do hard rock burro/progressivo pseudo-inteligente que predominavam: Kraftwerk, Bowie e eles. Eles, feios, nerds, desajustados, pobres, os Ramones.
Até hoje incomodam. A simples menção da banda em alguns círculos leva a alguns narizes torcidos (Convém lembrar que a maioria esmagadora dos músicos brasileiros ainda está imersa nos vícios dos anos 70!), e não estou me referindo a pessoas de idade avançada apenas.
Os Ramones evidenciavam a injustiça das coisas. Isso mesmo. Aquele papo de todo mundo tem algo de bom, que as coisas chegam para todo mundo a seu tempo, tudo mentira. Pois é, alguns de nós são feios, pobres, mal-educados, têm dificuldade de aprendizagem, são tímidos, anti-sociais, são desleixados com sua higiene, TUDO AO MESMO TEMPO! O que não nos impede gritar, gritar por espaço. Ou para incomodar, ou porque gritar às vezes relaxa.
Além de tudo, que audácia, mal sabiam segurar seus instrumentos! Alguém precisava realizar esse procedimento cirúrgico no tal do rock. Os cabelos haviam crescido demais e tapado os ouvidos. As drogas começavam a afetar o senso crítico. Tudo estava ficando muito complicado e chato. E distante. Coisa de estádios e parafernália. Os Ramones foram precisos. Resagataram a música em seu estado puro, bruto, à maneira de James Brown com seu funk primal, eles tocavam "só a parte boa". 1, 2, 3, 4. Que os sintetizadores fossem todos jogados no lixo (e olha a merda: aí vem Radiohead, Flaming Lips e outros, e nos vemos voltando a era dos...não, peraí, isso é outro assunto), quem perdeu 15 anos fazendo exercícios de escala para se tornar virtuoso do instrumento só perdeu seu tempo. Uma guitarra vagabunda e 3 acordes já serviam. Ah sim, um talento melódico invejável ajudava.
Se os Stooges, os Doors e o Velvet golpearam mortalmente o sonho hippie, os Ramones dançaram sobre o túmulo e picharam a lápide (mais tarde os Cramps dançariam de dentro do túmulo, mas isso é outra história ainda). Malcolm McLaren foi lá e roubou a música deles, levou para a Inglaterra e forjou o punk. Nunca venderam discos. Foram desprezados pela MTV. Não ficaram milionários. Pra dizer a verdade, estão quase todos mortos hoje em dia (só restam os bateristas, que engraçado).
Seu fracasso e seu êxito se devem às mesmas coisas. Uma combinação de personagens que parece saída de um roteiro de história em quadrinhos: um guitarrista metódico e controlador, com um conceito visual e musical genial e inovador. Um baixista auto-destrutivo e infantil, mas compositor de mão cheia. Um vocalista frágil psicológica e fisicamente, mas com voz e visual inimitáveis. Quanto aos bateristas, o primeiro foi necessário, o segundo queria diversão e o terceiro não fez diferença.
Ah, mas as músicas são muito parecidas. Sim, assim como as dos Stones. As de John Lee Hooker.
Ou mesmo as de Nick Drake. Repetitivas como o baixo agudo de Peter Hook e as guitarras dedilhadas de Johnny Marr. O nome disso é estilo. Além do mais, uma análise menos superficial, demonstra que há, sim, nuances no som da banda, da podreira do início, ao trabalho com Phil Spector, às tentativas pop de Road To Ruin, também na confusão dos anos 80 e da consagração dos trabalhos dos anos 90.
Se hoje a idéia de misturar power chords com melodia virou piada nas mãos de gente sem talento, que saibamos diferenciar as pérolas dos porcos com eyeliner. Há babacas que gostam dos Ramones? Sim, aos montes. Mas...Você gosta? Não?? Hmpf...

Sunday, May 18, 2008

Hype. Você Pode Vomitar Emitindo Um Som Parecido

Até um blog de respeito e velho de guerra como o blog-is-dead cai nessa de vez em quando. A máquina do hype é incessante, demolidora. Tá, é charmosinha, quando acerta, também. A nova (ou talvez já nem seja mais, sabe como essas coisas são...) bandinha do momento é o Ting Tings, uma dupla com aquelas melodias de ônibus escolar e batidas marcadas. Só que "Aaaa aaaa/Iiii iiii" em "Great DJ" e "That's not my name. That's not my name" repetido trocentas vezes na música de mesmo nome acabaram me afetando e eu diria que são as músicas legais da semana (passada?).
Voltando a uma das questões preferidas desse blog: os gringos realmente precisam do CSS tendo isso? (A onda é a mesma. Aliás, talvez não, levando em conta a última música do CSS vazada aí que viaja numa onda noventista alternagrunge).
Os mecanismos do hype se movem de modo misterioso.

Saturday, May 17, 2008

Recorremos Ao Autor

-O senhor esperava um reconhecimento tão absoluto após tanto tempo de carreira em relativo anonimato?
- Não. Na minha idade não se espera nem que o sol nasça.
- Sua motivação para escrever continua a mesma?
- É inevitável. É como cagar. Você é tomado por aquela sensação específica e sabe que tem algo para sair de dentro de você.
- Em suas últimas obras muitas mulheres morrem...
- Elas teimam em fazer isso.
- ...Na maioria dos casos assassinadas...
- É, quando assassinadas elas parecem ser ainda mais teimosas.
- O senhor não tem medo de ser tomado como misógino?
- Tenho. Mas as pessoas sempre entendem tudo errado. Você diz "liquidificador" e elas entendem "borboleta". Não há o que fazer.
- O senhor diria que a comunicação é impossível?
- Não sei se percebo do que você está falando.
- Seria impossível se comunicar?
- O problema é que não ouvimos o que nos falam. As palavras dos outros despertam em nós nossas próprias idéias e o que nossos interlocutores dizem acaba completamente de lado.
-Então, a literatura é possível? Há futuro para a literatura?
- São duas perguntas. Preciso de um tempo para pensar.
- ...
- ...
- ...
- ...
- Não. Não há futuro para ninguém. Há futuro para os morros, pedras, árvores e algumas tartarugas. O resto já acabou.
- Em seus livros há uma incidência notável de pessoas com defeitos físicos...
- Pensei que isso acontecesse na vida real também. Deus tem um senso de humor inexplicável.
- Quem o senhor acha que lê seus livros?
- Quem lê hoje. Quem tem muito orgulho do próprio hábito de ler. Quem se habituou à leitura por algum motivo. Na verdade, não faço a menor idéia, são conjecturas.
- Nos últimos anos, o senhor tem preferido a solidão. O senhor não teme o distanciamento do seu público?
- Não vivo sozinho (N.E. O autor cria 25 gatos vira-latas). São 25 ao todo. Um pequeno exército. Quanto à solidão, realmente penso que, quanto mais sozinhos, mais próximos estamos de nossa real condição de...bem, não importa.
- Não importa?
- Não, não importa. Pode perguntar a qualquer tartaruga.
(...)
Alguns agradecimentos vazios e cumprimentos insinceros depois (devia haver um tipo de cumpirmento que significasse "Estou sendo cortês, mas não dou a mínima se você está morto ou vivo") ele ficou pensando nos joelhos de sua jovem entrevistadora. Quem não era jovem diante dele? Se sentiu melhor com uma estranha certeza de que ela em breve se transformaria numa matrona cancerosa. Ela esqueceu dele antes de olhar o cabelo no espelho do elevador.


-

Sunday, May 11, 2008

S. Darko

Nos anos 90, o filme Donnie Darko, de Richard Kelly, ganhou status de cult, com sua mistura de hits oitentistas, ficção científica e terror (e é claro que esse simpático coelho aí em cima ajudou bastante). Pois agora, Hollywood se prepara para fazer merda em cima do filme. Está sendo cogitada uma sequência ao filme, sem particpação de Kelly e sem nenhum dos principais atores do filme original, que se chamaria S. Darko.
É claro que vai ser uma bosta. Pense em Bruxa de Blair 2-O Livro Das Sombras, O Exorcista 2, só para falar dos casos mais óbvios. Alguém precisa parar esses executivos.

Tuesday, May 06, 2008

Você Se Importa Com O Beck?

Alguém ainda se importa com o Beck? Eu confesso que depois que descobri que os melhores grooves do Odelay eram simplesmente samples do Them, perdi boa parte do interesse que tinha nele. Ele me irrita com esse ecletismo sem critério, parece coisa de artista megalomaníaco que se achqa capaz de tudo.
mas ele ainda está por aí. Tem lançado uns cds que ninguém deu bola e agora vem com mais um, produzido pelo Danger Mouse do Gnarls Barkley e com particpação de Cat Power. Desse mato não sai coelho nenhum para mim, e para você?

Sunday, May 04, 2008

Courtney Love Está Com Dor De Garganta


Courtney Love foi internada com problemas na garganta. Isso. Não, não tem nada a ver com drogas.

Daniel Johnston Bem Acompanhado

Em Junho próximo uma superbanda vai estar acompanhando o gênio Daniel Johnston em sua turnê pelo mundo real, onde as coisas acontecem (nós vivemos no mundo relativo, em que o reflexo das coisas acontecem, por exemplo, o filme Juno estoura, inventamos uma Mallu Magalhães; os Strokes estouram, inventam um Moptop, e assim por diante, sempre com anos de atraso, mesmo na era da simultaneidade absoluta). O guitarrista do Yo La Tengo, que não sou nerd o suficiente para conhecer de nome, Norman Blake do Teenage Fanclub e Mark Linkous do Sparklehorse estarão acompanhando o homem em seus shows. Espetáculo.

Figuras Que Devemos Odiar 3: Jim O'Rourke

1. Tem uma banda? Ele estraga: Os piores discos do Sonic Youth são culpa dele. Os piores do Wilco também. Ele deve jurar que músicas longas e cheias de barulhinhos inofensivos (ele consegue fazer uma espécie de noise sem agressão, se é que vocês me entendem) são o máximo.
2. Ele tem cara de novaiorquino que se acha foda.
3. Tenho que voltar ao Sonic Youth: em determinada época, ele chegou a substituir a Kim Gordon no baixo e nas músicas em que ela toca guitarra. Isso é imperdoável.
Detestemos Jim O'Rourke.
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