Wednesday, December 31, 2008

Meus Amigos São Phoda

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Perguntei a alguns amigos meus, não todos, só os que eu achei que teriam saco para responder isso, quais teriam sido os melhores discos de 2008. Olha como eles têm bom gosto:

Marcos Ramos (compositor, poeta, baixista e profeta)
"Smilers" - Aimee Mann
"Sam Sparro" - Sam Sparro
"Made In The Dark" - Hot Chip
"3rd" - Portishead
"Oracular Spectacular" - MGMT
"Partie Traumatic" - Black Kids
"Cardinology" - Ryan Adams & The Cardinals
"Only By The Night" - Kings Of Leon
""We Sing, We Dance, We Steal Things" - Jason Mraz
"Safe Trip Home" - Dido

Crissssssssss Ssssssssssss (compositora, poeta, artista plástica, guitarrista e um monte de coisas mais)
"Velocifero" - Ladytron
"We Started Nothing" - The Ting Tings
"Santogold" - Santogold
"3rd" - Portishead
"Intimacy" - Bloc Party
"Anywhere I Lay My Head" - Scarlett Johanssen
"Mountain Battles" - Breeders
"Midnight Boom" - The Kills
"Crystal Castles" - Crystal Castles
"The Blue God" - Martina Tolpey-Bird

Bruno Daesse (guitarrista, compositor e filósofo)
"Trabalhador Igual Pedreiro" - Macaco Bong
"Fome De Tudo" - Nação Zumbi
"Como Se Comportar" - Moptop
"Interstellar Overdrive" - Interstellar Overdrive
"The Photo Atlas" - The Photo Atlas
"Bedlam In Goliath" - The Mars Volta
"Search And Destroy" - Sophia
"Who's Killed..." - Amanda Palmer
"Chapter 9" - Ed Motta
"Make The Road By Walking" - Menahen Street Band

Liz (baixista e compositora)
"Dig, Lazarus, Dig" - Nick cave & The Bad Seeds
"Intimacy" - Bloc Party
"Santogold" - Santogold
"We Started Nothing" - The Ting Tings
"Little Joy" - Little Joy
"Only By The Night" - Kings Of Leon
"Accelerate" - R.E.M.
"Dig Out Your Soul" - Oasis
"Dear Science" - TV On The Radio
"Sam Sparro" - sam Sparro

Thaty Fraulein
"Accelerate" - R.E.M.
"Beautiful Future" - Primal Scream
"Modern Guilt" - beck
"The Hawk Is Howling" - Mogwai
"Velocifero" - Ladytron
"Oracular Spectacular" - MGMT
"Orquestra Contemporânea De Olinda"
"Jewels" - Einsturzende Neubaten
"Road Movie" - Krakovia
"The Slip" - Nine Inch Nails


Obs.: Leandro Ravaglia estava muito ocupado com suas ninfetas, mas disse que andava ouvindo muito o novo do Metallica. Juliana Berlim preferiu postar sua lista em seu próprio blog www.outsidersblues.blogspot.com, não perguntei à Stella e o Americano ficou devendo. Quer ser meu amigo também? Mande sua lista.


Thursday, December 25, 2008

Grant Hart - "Good News For Modern Man"

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Torcendo sinceramente para que 2009 seja melhor do que esse 2008 de algumas músicas boas e poucos álbuns realmente bons do começo ao fim, e sabendo que no ano que vem vão tentar nos empurrar mais uma vez a nova geração de folk singers que não sabe compor, vamos falar de um disco que ninguém ouviu.
Grant Hart era o baterista do Husker Du, a genial banda americana que, infelizmente, acabou influenciando toda uma geração de artistas medíocres, com sua mescla de punk e melodia. Com o fim da banda, todos os holofotes se dirigiram para o outro compositor da banda, Bob Mould, e seus projetos-solo e com o trio Sugar. Hart correu por fora com o Nova Mob com alguns discos-solo, mas não conseguiu grande êxito em termos de popularidade. Todo seu êxito limitou-se a compor melodias absurdamente perfeitas, com uma simplicidade ramônica que humilha qualquer aspirante a compositor pop. Ele solta refrões como se isso fosse a coisa mais fácil do mundo (Basta olhar para o cenário pop atual e perceber que essa arte se torna cada vez mais rara entre nossos popstars).
Acredite, é difícil destacar faixas especiais aqui. Tudo é. As guitarras exageradas da faixa de abertura "Think It Over Now", a melodia hipnotizante de "Nobody Rides For Free", o clima Brian Wilson conhece a França de "Run Run Run To The Centre Pompidou", o coração partido em "You Don't Have To Tell Me"...E essas nem são minhas favoritas. Particularmente, me emocionam mais "A Letter From Anne-Marie", com seu início falso com um loop barulhento, que desemboca numa melodia cheia de dor e beleza, com versos que evocam uma época boa que não vai voltar e talvez nem tenha existido. "In A Cold House" com seu refrão duro "Numa casa fria/Numa cidade fria/Num mundo frio,frio,frio" nos lembra que o inferno pode gelar. Mas que se dane o inferno, Grant Hart, apesar de não nos dar um disco alegre, consegue nos dar algum alento, como só os bons discos de música pop conseguem. Baixe ontem.
http://www.mediafire.com/?mzsdddcyfdc

Tuesday, December 23, 2008

Dia de Mitra

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Os pagãos sabiam das coisas, e cultuavam Mitra, acima.

Está chegando aquela época em que as pessoas compram bastante, se sentem levemente melancólicas por suas festas não parecerm em nada com as que aparecem nos comerciais de TV e filmes (famílias grandes sorridentes em mesas fartas, neve, etc.), bebem mais do que deviam e aparentemente agem conforme deviam agir em todos os dias do ano, com carinho e respeito pelos outros.
Dizem os adoráveis conspiradores paranóicos que a Igreja Católica forjou essa data como a do nascimento de Jesus, para coincidir com festividades pagãs ancestrais. Par mim, sinceramente, tanto faz, porque desconfio que de pagãos a católicos, passando por protestantes e por todas as demais religiões, não salva um. A filha da putice é ecumênica.
Para não dizer que não serviu pra nada, dei uns presentes para umas pessoas que gosto, e principalmente para a que gosto mais no mundo: eu mesmo. Até ganhei uns presentes também, de alguns insistentes que ainda me aturam. Dois presentes em especial merecem destaque, dois cds, é claro. Dois álbuns modernos, originais, geniais até. "Murmur" do R.E.M., lançado em 1983 e "The Madcap Laughs" do Syd Barrett, de 1970. Dois artistas que parecem ter futuro, sabe?

Sunday, December 21, 2008

Foda-se O Radiohead

O novo caô do meio musical é a possibilidade do Kraftwerk abrir os shows da turnê sul-americana do Radiohead. Boatos anteriores falavam em Portishead e Sigur Rós, logo negados, portanto, ainda não acho que seja hora de sair por aí acendendo velas.
Caso a vinda do grupo mais importante da música pop em termos de influências se concretize (sim, mais do que Beatles. Apesar da onipotência dos rapazes de Liverpool, onipresentes mesmo em nosso Computer World são os alemães. Do funk carioca ao r'n'b obcecado por cifrões made in USA, passando por quase tudo que é chamado de música alternativa, nada existiria não fossem os robôs mais geniais de todos os tempos, acusados em seu tempo de "assassinarem a música"), então qualquer exagero de idolatria deve ser perdoado.
Seria a terceira vinda do grupo ao Brasil e ainda assim, essencial. E o Radiohead, apesar de fechando a noite e fazendo indies mal-informados chorar, uma insignificante banda de abertura.

Monday, December 15, 2008

Madonna no Maracanã, Eu Fui E Daí?

E lá fui eu. Domingo de chuva, ao Maracanã. Da última vez em que pus os pés naquele lugar, eu era um molequinho ainda, e meu pai tinha esperanças de que eu viesse um dia a me tornar um ardoiroso fã de futebol, tal qual ele era. Apesar dos subornos à base de picolés Kibon de coco e hot-dogs Geneal, meu pai fracassou feio. Sempre achei futebol um tédio, e me divertia mais com as musiquinhas que as torcidas cantava (em minha inocência, devia ter uns 5,6 anos, eu nem percebia que eram pornográficas: Uma dizia "Vou botar no cu do tricolor", que eu entendia como "Vou botar no mundo o tricolor", enquanto outra fazia a absurda referência a uma passada de "sabonete na cabeça do meu pau" e eu não fazia a menor idéia de que meu pipico era chamada popularmente de pau) do que com aquele tédio de um bando de caras correndo atrás de uma bola. Sempre me pareceu mais lógico que se desse uma bola a cada um deles para resolver a questão.
Taí uma coisa de que gosto menos do que Madonna. Futebol. E vou tentar avaliar a experiência do seu show com o pouco de boa-vontade que ainda possuo nesse coração maligno. Maracanã, multidão e cheiro de mijo. Confusão, caos na entrada. Da arquibancada, debaixo de chuva, eu constatei, já nas primeiras notas semitonadas que saíram da garganta da diva: os fãs de Madonna se dividem em dois tipos: os que querem comê-la e os que queriam ser a própria. E aí está o meu problema. Nunca quis comer a Madonna, muito menos sê-la.
Parece exagero, mas minha tese de que a maior parte do apelo da estrela se baseia na sexualidade, ficava evidente em cada passo de dança que insinuasse sexo, em cada rebolada ou gemido, que gerava uma calorosa resposta da platéia. Foi quando entendi que o problema era comigo.
Não nego que ela tenha hits eficientes. Seus últimos discos, inclusive, até demonstram uma evolução em relação aos apagados trabalhos dos anos 90, mas, ao vivo principalmente, o papel secundário da música em sua performance salta aos olhos. A platéia dançava animadamente mesmo quando tudo que havia em cima do palco era reprodução de algum clip em altíssima definição.
Vou até mais longe, já vi shows de rock bem mais tediosos. Interpol na Fundição Progresso, por exemplo, em que quatro músicos sem carisma tocaram, de modo idêntico à gravação, músicas medianas, me matando de tédio nos 20 minutos iniciais. Com a Sra. Ciccone não. Tem efeitos, telões, bailarinas gostosas (as bailarinas me pareceram mais gostosas do que nunca), coreografias, estímulo a atenção é o que não falta. Com a exceção da horrenda versão hard rock de "Borderline" (que pena, um dos seus hits mais agradáveis) e de uma sessão espanhola tão absurdamente ruim que palavras não poderiam descrever, o restante do show é bem palatável, vejam só, mesmo para alguém como eu, que não vê na artista nada além de muito marketing e talento mediano.
Só não é um show de música, mas um espetáculo mais indicado para aquele tipo de ser humano que se emociona com queima de fogos de artifício. Ou partidas de futebol. Ou filmes pornô.

Thursday, December 11, 2008

The Future - Leonard Cohen



Toda vez em que acho que compus uma música boa com uma letra contundente, volto a Leonard Cohen. Por que? Simples, ele é tão foda que me sinto suficienetemente humilhado para tirar da cabeça idéias absurdas sobre meu próprio talento.

O FUTURO
Devolva minha noite partida
Meu quarto espelhado, minha vida secreta
É solitário aqui
Não sobrou ninguém mais para torturar
Me dê controle absoluto
Sobre cada ser vivo
E deite do meu lado, baby
Isso é uma ordem
Me dê crack e sexo anal
Pegue a última árvore que restou
E enfie no buraco da sua cultura
Me devolva o Muro de Berlim
Me dê Stalin e São Paulo
Eu vi o futuro, irmão:
É assassinato

As coisas vão deslizar, deslizar para todos os lados
Não vai haver nada
Nada mensurável
A nevasca, a nevasca do mundo
Invadiu o terreno
E perverteu
A ordem da alma
Quando disseram "Arrependei-vos"
Me pergunto o que queriam dizer

Você não é capaz de me distinguir do vento
Nunca poderá, nunca pôde
Eu sou o judeuzinho que escreveu a bíblia
Vi nações surgirem e desaparecerem
Ouvi as histórias, ouvi todas elas
Mas o amor é a única ferramenta de sobrevivência
Seu servo aqui foi instruído
A dizer claramente, friamente
Acabou, não vai prosseguir
E agora as engrenagens do céu param
Você ouve o cavalgar do demônio
Prepare-se para o futuro:
É assassinato

O antigo código ocidental será quebrado
Sua vida particular subitamente explodirá
Haverá aparições
Haverá fogo nas estradas
E o homem branco dançando
Você verá uma mulher
Pendurada de cabeça para baixo
Com as feições cobertas por suas vestes
E todos os poetinhas de merda
Ao redor
Tentando soar como Charlie Manson
E o homem branco dançando

Me devolva o Muro de Berlim
Me dê Stalin e São Paulo
Me dê Cristo
Ou me dê Hiroshima
Destrua qualquer feto agora
Nunca gostamos de crianças mesmo
Eu vi o futuro, baby:
É assassinato.

(Leonard Cohen)







Wednesday, December 10, 2008

Não Leia Se For Fã Da Madonna

AVISO: SE FOR FÃ DA MADONNA, NÃO LEIA. Ok.
Minha paixão por música pop começou no início da adolescência. Não havia muito o que fazer com minha vida naquele momento, sem dinheiro, sem garotas e sem entender as coisas que aconteciam ao meu redor. É, pensando bem, as coisas não mudaram tanto assim, mas hoje isso não me incomoda mais.
Um dos fenômenos que mais me chama a atenção no universo da música pop é o de transformar qualquer lixo em clássico. Às vezes tenho a impressão de que basta, para um artista, insistir em sua carreira, para que um dia venha a conseguir o status de "clássico" ou cult". Por mais limitados que sejam em termos de talento musical, ainda que seus trabalhos sejam de valor duvidoso, parece que tudo é uma questão de tempo. E investimento, claro.
O maior exemplo desse tipo de história é Madonna. Ao surgir, nos anos 80, com um divertido e absolutamente nada original disco que levava seu nome como título, a artista era nada menos que um rosto no meio de milhares outros, tentando a sorte na parada r'n'b americana. A música feita por ela era fortemente chupada do que rolava de melhor no estilo na época. Sua imagem era uma sexualidade forçada de puta barata. Sua voz era fraca, aguda e irritante. Seus shows eram adornados com coreografias e mis-en-scene que não fariam feio num balé da Globo ou num palco de cassino em Las Vegas. Quem poderia imaginar que aquela figura se tornaria talvez a última grande estrela (já vão tarde) do mundo pop? E o mais legal de tudo, conseguir isso com a mesma música chupada da moda do momento, com a mesma exploração barata da sexualidade, com a mesma vozinha e os mesmos passos ridículos de dança!
Talvez Madonna exemplifique bem o que foi e o que continua sendo a nossa época. De um modo quase punk, qualquer um pode ser um "astro", talento sendo a última coisa com a quem devamos nos preocupar. "Ah, mas o diferencial de Madonna é que, pela primeira vez na história do pop, uma mulher chega ao topo sem algum empresário "por trás"", dizem alguns, ou ainda "Ela é um gênio do marketing", "Bowie de saias", e por aí vai. Sobre o tino empresarial da moça, mal posso opinar, mas acredito que o mundo dos negócios esteja cheio de gênios monstruosos que conduzem com perfeição suas empreitadas. Só não venham me dizer que eles têm alguma relevância em termos artísticos, certo? Compreender e manipular as artimanhas do business não tem nada a ver com arte. Quanto às comparações com Bowie, qualquer um que o faça, deve tirar um tempo para ouvir com mais atenção o trabalho do homem nos anos 70. E quanto ao uso da sexualidade para disfarçar a pobreza musical? Ah, é ela mesma quem articula essa exploração? Que diferença faz, se os resultados são os mesmos, a saber, o apelo banal a emoções grosseiras, a música usada (mal) como artifício para a construção de um espetáculo que visa meramente o lucro. Nada além disso.
Uma cantora não tem que mostrar a bunda, assim como uma modelo de fotos eróticas não precisa cantar. E a bunda da Madonna é uma das mais feias do mundo pop.

Friday, December 05, 2008

O Que Você Devia Ter Ouvido Esse Ano

50 que fariam seu ano mais feliz.
- "Black and Gold" - Sam Sparro
- "Sex On Fire" - Kings Of Leon
- "Better" - Guns'n'Roses
- "31 Today" - Aimee Mann
- "Stella" - Ida Maria
- "That Kind Of Man" - The Heavy
- "That's Not My Name" - The Ting Tings
- "Mercury" - Bloc Party
- "Baby Blue" - Martina Topley-Bird
- "Dig, Lazarus, Dig" - Nick Cave & The Bad Seeds
- "I Gotta Fire" - Spiritualized
- "The Sloganeer" - Meshell Ndegeocello
- "Heinrich Maneuver" - Interpol
- "Play Blind" - Infadels
- "Paris Is Burning" - Ladyhawke
- "Ready For The Floor" - Hot Chip
- "42" - Coldplay
- "L.E.S. Artistes" - Santogold
- "I Will Possess Your Heart" - Death Cab For Cutie
- "Time To Pretend" - MGMT
- "Frustration" - The Whip
- "Frozen Guitar" - Thurston Moore
- "Dream State Flying" - Hotel Lights
- "Deflect" - Leila feat. Martina Topley-Bird
- "Cheap And Cheerful" - The Kills
- "Changes" - Van She
- "Supernatural Superserious" - R.E.M.
- "1.000.000" - NIN
- "Angry" - The Bug feat. Tippa Irie
- "B-54" - XX Teens
- "Funplex" - The B-52's
- "Never Gonna Do That Again" - Men Without Pants
- "Baby" - Alexis Taylor
- "Big Dog" - Guillemots
- "Don't talk Down" - The Stills
- "Get Your Own Apartment" - The Wet Secret
- "Gratification To Concrete" - Robert Pollard
- "Hometown Glory" - Adele
- "Mercy" - Duffy
- "Jesus Is A Good Name To Moan" - Mugison
- "Save Your Soul" - She Wants Revenge
- "We Carry On" - Portishead
- "Things Ain't What They Used To Be" - The Black Keys
- "The Empress" - Bernard Butler
- "Bang On" - The Breeders
- "Love Lockdown" - Kanye West
- "The Next Untouchable" - Cajun Dance Party
- "Standing Next To Me" - Last Shadow Puppets
- "Mansard Roof" - Vampire Weekend
- "Meg White" - Ray Lamontagne

Tuesday, December 02, 2008

http://www.aeportugal.pt/aplicacoes/noticias/imagens/2008-05-20_15-22-36_ESPREMER%20LIMAO.JPG

Pois é. Dezembro entrou (experimente falar isso rápido, "Dezembro entrou". Estranho, mas não tão estranho quanto "Outubro entrou". Ok, tente com Setembro. Agora pare com essa palhaçada e continue lendo o post) e as inevitáveis listas são tão óbvias quanto a leve depressão pré-Natal.
Foi difícil, muito difícil escolher 10 entre os álbuns lançados em 2008 para incluir aqui. Se tudo der certo, outras listas aparecerão aqui, com as opiniões de meus distintos e honrados amigos.Por ora, só a minha mesmo.
Sem ordem de preferência:
Santogold - Santogold. Como irritou os machinhos retrógrados do rock and roll o fato de que uma mulher negra tenha feito o disco mais moderno e inteligente do ano. Tudo certo, das guitarras meio Strokes, ao namoro com o hip hop infestado de música "do mundo" meio MIA, às referências artísticas (Jodorovsky no clip do principal single do disco). E boas melodias e refrões costurando tudo. Só podia ter uma capinha mais bonita o CD, vômito dourado é uma coisa assim...estranha.
Nick Cave & The Bad Seeds - Dig, Lazarus, Dig. Sem dúvida o sensacionalmente garageiro Grinderman fez bem ao Nick. Deixando de lado sua vocação de crooner com intenções de Scott Walker, ele e a melhor banda de apoio do mundo, fizeram um disco de rock maduro, mas sem chatice. Pervertido, encharcado de humor negro, com um pé no passado e outro no atemporal, e com letras que nenhum moleque conseguiria fazer.
Sam Sparro - Sam Sparro. Se os negões americanos esqueceram como se faz música, se o Prince acha onda falar mal de gay, nem tudo está perdido no mundo do r'n'b. Um moleque australiano com cara de nerd finge que é negão, mais especificamente, finge que é o Prince e nos mostra o que o r'n'b poderia ser se não estivesse infestado de gente burra e sem talento.
Scarlett Johansson - Anywhere I Lay My Head. Nunca tanta má vontade foi direcionada a um álbum como foi a esse. Gostaria que a crítica especializada fosse tão ranzinza e sem paciência com os trocentos artistas de hip hop idênticos e medíocres, ou com as bandinhas indies irrelevantes. Nunca fui fã da moça como atriz, mas neste álbum em que quase todo o repertório é do gênio Tom Waits e com a produção do Dave Sitek do TV ON The Radio, eu diria que a surpreendentemente grave voz de Scarlett mereceria mais destaque no magro cenário pop atual. Tom Waits aprovou, quem sou eu para falar mal?
Bloc Party - Intimacy. Depois do confuso segundo disco, cheio de tentativas mal-sucedidas de melodias, falsetes desastrosos e produção exagerada, o tão hypado quarteto conseguiu fazer um disco que corresponde às grandes expectativas que foram jogadas sobre a banda. "Ares" e "Mercury" conseguem algo que o Bloc Party jamais sonhou: soam originais.
Ting Tings - We Started Nothing. A fórmula batida de loops, clima rock e melodias de líder de trocida adotada por trocentas bandinhas doismilistas chegou às paradas com a dupla com maior competência no ramo dos refrões grudentos. Aaaa-aaaa, in-in-in-in in-in-in-in e não se fala mais nisso.
Kanye West - 808s And Heartbreaks. Sempre achei esse Kanye West mais um babaca prepotente sem talento como 99.9% dos rappers do mundo. Dou meu braçoi a torcer, nesse seu último lançamento, o cara pode ter feito um dos discos mais importantes do que chamam de hip hop. Rap? Quase não tem. Vocais? Mal cantados e TODOS com Auto Tune exagerado, dando aquele vocoder meio Xuxa-Kelly Key. Loops? Simples, vazios, tristes. Sample? Não. O cara tocou tudo. Bitches? Nada, o cara chora o disco todo o pé na bunda que tomou. Revolucionário. Se tudo der certo, o hip hop acaba depois desse disco.
Third - Portishead. Quando os fãs torcem o nariz, geralmente quer dizer que o artista acertou. cada disco até hoje lançado pelo trio foi um chute na cara de quem esperava mais do mesmo. Inquietos como nunca, só de terem lançado uma música que soa como Silver Apples, e outra que mistura um violão à la Nick Drake que desemboca numa levada Kraftwerk, já mereceriam estra nesta lista. Quero ver neguinho dançar esse nos lounges da vida, ou atriz global dizer que usa o disco como trilha sonora para suas horas românticas, hahahaha.
The Heavy - Great Vengeance And Furious Fire. Ressuscitaram Curtis Mayfield e enfiaram numa formação de soul com toques modernosos ingleses. E funcionou.
The Kills - Midnight Boom. Depois de um segundo disco fraquíssimo em que erraram tudo, a dupla acertou em cheio recheando seu som seco e vazio de blues e bateria eletrônica com grooves mais dançantes. Nenhuma maravilha, mas se mais de três músicas te divertem em um álbum ultimamente, considere-se agraciado.

Rendição Chinesa

Confesso, vou baixar o "Chinese Democracy".

Years Of Refusal

Nanananananananenééém (para cantar sobre a melodia de "The Headmaster Ritual")

Normalmente eu tenho uma opinião formada para cada novo passo do meu herói Stephen Morrissey (vide o tenebroso caso da bunda), mas desta vez ele me confundiu. A foto acima supostamente estará na capa de seu próximo lançamento, "Years Of Refusal", que deve sair no início do ano que vem. Antes disso certamente teremos algo vazando pela goteira da rede. Sinceramente espero ter chegado a uma conclusão sobre essa imagem até lá.

Por Quê Devemos Perdoar A Legião Urbana

Quem peidou?

Os raros gatos pingados leitores desse blog já devem ter percebido que uma das minhas maiores diversões é zoar com a Legião Urbana. O culto desmedido à banda revela uma carência enorme do público de pop rock no Brasil. Gostemos ou não, a Legião acabou sendo a banda com o maior sucesso na década de 80, sendo, de certa forma, nossos Smiths, nossos Doors,U2, Joy Division, nossos Beatles (hahahaha, melhor parar). Eram os anos 80. Discos essencias como "Crocodiles" dos Bunnymen e "Closer" do Joy Division, demoraram quase uma década para saírem aqui, assim eram as coisas.
A maior crítica que sempre se fez à banda, foi a de pouca, ou nenhuma originalidade, o que não há como negar. O trabalho da banda praticamente se limitou, desde sempre, a reproduzir, às vezes no limite do plágio (confira "Que País É Esse", depois "I Don't Care" dos Ramones. Em seguida, vá de "Ainda É Cedo" e "A Means To An End" do Joy Division, e você entenderá bem o que quero dizer), as matrizes estrangeiras. Os melhores momentos da banda, entretanto, foram aqueles nos quais conseguiram trabalhar suas influências de maneira mais madura, como em "Vento No Litoral", a obra-prima da Legião, na minha opinião.
20 anos depois ou quase isso, originalidade é item mais do que raro na música pop. O rock pop doismilista, apesar de palatável, é incrivelmente reacionário e nostálgico. As bandinhas pós-Strokes parecem incrivelmente preocupadas em emular seus ídolos, se esquecendo de desenvolver o próprio estilo, não conseguindo assim ir muito além do "legalzinho".
Neste cenário, em que agrupamos em nossos mp3 players zilhões de bandinhas xerox, não há por quê condenar a banda brasiliense que construiu sua carreira em cima de cópias até apaixonadas, eu diria. Como dizia minha amiga Stella "No fim da estrada Renatão estará te esperando de braços abertos". Talvez esse fim de estrada tenha chegado bem antes do que pensávamos.
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