Friday, January 29, 2010

Dentro Da Mente De Frank Black

A diferença entre os que fazem diferença em meio à humanidade e o resto dos mortais pode ser resumida em uma frase de William Blake, um dos mais sábios seres que existiram: "Um tolo não vê a mesma árvore que um sábio". E daí, que Frank Black, criador dos Pixies, o que é mais do que você e eu jamais faremos em nossas vidas inteiras, vai lançar um novo disco, que provavelmente será ruim como todos os seus outros álbuns-solo. O que ainda não é a questão.
Ele andou falando sobre o álbum que vem por aí, o que é provavelmente a coisa mais interessante a respeito do novo lançamento. Um tostão dos pensamentos do Sr. Black.
"Quando eu era moleque, samambaia era uma palavra que usávamos para vagina, e até hoje eu adoro samambaias. No meu coração, vaginas são quase tudo, e quase todo o resto pode ser resumido no que paus e sementes têm a oferecer, e o que é todo o resto? O amor do pai, morto ou vivo, a dor do excesso de prazer, até que a morte nos separe, a voz de outro homem da canção do outro lado, com ou sem Deus, Teri And The Possibilities, onde quer que vocês estejam, o odor de sexo no ar, seduzido, dilacerado, de joelhos orando, chupando a única coisa que importa, meu Meret Oppenheim particular, eu sou Man Ray e quero você e quero entrar inteiro em você, o ruído das câmeras enquanto pomos na cena um pouco do suor de nossas testas, o público nos observando da escuridão"
Esse sim é o cara que um dia escreveu "Hey".



Thursday, January 28, 2010

Cranberries, 28.01.2009

Frutinhas vermelhas sem graça igual à banda que tomou emprestado o nome. Ganhei os ingressos de graça, cortesia de um amigo sacerdote gomorrista (um dia explico), e não tinha nada de melhor para fazer naquela noite. Talvez tivesse, sei lá, achei que era uma boa idéia assistir àquele show e definitvamente não foi.
Assim que a vocalista Dolores começou com aqueles vocais li-i-i-fe, lembrei porque ignorara aquela banda por toda a década de 90. Ô troço chato, sem sal. A melhor música da banda é uma cópia aguada dos excepcionais Sundays. O resto são os vocais inacerditavelmente chatos da moça e um instrumental que nem chega a irritar de tão insosso.
As meninas penduradas no pescoço de seus namorados ou namoradas que enchiam o salão podem discordar. O que não me preocupa, já que em geral temos opiniões discordantes mesmo. Às vezes o sem graça é sem graça mesmo, a gente esquece. Cabe a nós manter os olhos abertos ou não. Dá para seguir a vida inteira comendo merda, veja as moscas ao redor.

Enfim, O Ano Novo

Quantas tardes de lágrimas, preço alto, duras penas. Enfim, naquela noite ela lhe devolveu o que havia lhe roubado há anos atrás. Não, não vamos chamar isso de roubo, mais um acordo não dito, selado pela solidão, confusão, desespero. Essa foi uma noite só, mas várias, foi a noite de todas aquelas tardes inúteis, ele ainda era jovem, ele não iria morrer ainda. Na praia ele teve esse vislumbre, o mar dançava só para os seus olhos, só na frente dos seus olhos, nenhum mais. O mar lhe presenteava, mas também o enchia da solidão do último membro de uma tribo que nunca existiu.
Ele começou pelos cabelos, mas não estava lá. O que havia era beleza cosmética que é o oposto do que devia se chamar de belo, algo falso, chamuscado, frio, inerte, impessoal, a miragem de uma miragem. E ainda nem havia deitado os olhos no resto. O mistério, por Deus, o mistério, onde andaria? Teria ele simplesmente confundido a oração com a divindade? Mais uma derradeira vez traído por sua vontade maior que tudo de torcer o mundo sob sua lente pessoal , ela sim torta?
Devia ter desconfiado de como a ficção havia soado perfeita mais cedo. A realidade lhe tomaria a alma mais tarde. Pensou em furar aqueles olhos, mas isso só os deixaria mais cegos e não jorraria sangue. As roupas, impecáveis, cobriam um corpo em silêncio. A nudez, por debaixo daquilo tudo devia ser nudez completa, a nudez do vácuo, que repele a vida. Pensar naquela nudez, mesmo agora, só o enchia de silêncio.
Teve medo de estender a mão e atravessar a imagem ao lado. Teve medo de que fosse um pesadelo. Teve medo de que continuasse para sempre. Agora não tinha mais medo, nem vontade de dizer uma palavra sequer.
O ano novo enfim começara.

IPad


Ficou com vontade de ter um?

Wednesday, January 27, 2010

Viva O Pé Na Bunda



Paul McCartney foi sacaneado pela perneta feio. O divórcio foi infernal e amplamente explorado pelos tablóides. O cara produziu um dos seus melhores discos em muito tempo, com letras mais tristes e amargas do que em toda a sua carreira.
"E agora que você não precisa mais da minha ajuda/Vou usar o tempo para pensar em mim mesmo"

Viva O Pé Na Bunda



John Lennon andou fazendo merda nos anos 70, o que levou a Yoko a dar-lhe um merecido pé na bunda que o deixou na lama emocionalmente, mas também permitiu que o mesmo compusesse lindezas como essa.
"Alguns dizem/que acabou/agora que/estendemos nossas asas/mas nós sabemos que vai além...". Tadinho.

Viva O Pé Na Bunda



Aqui começa uma discussão que talvez leve alguns posts. O famoso pé na bunda pode ser horrível para os compositores (e demais seres humanos em geral), mas seria ele positivo e até produtivo em termos de arte? Vejamos.

"End Times", faixa acima do Eels, composta a partir do doloroso divórcio do vocalista e principal compositor E. Sob uma melodia direta, simples e bela ele canta isso aqui:
"Do lado de fora da minha janela tem um gato no cio/Cala a boca, gato, me deixe sozinho/ Não há cio (calor) nenhum aqui/Não sinto nada/Nem mesmo medo"

Xuxa Durante Ritual Satanista


Vocês querem provas não é? Jovens que foram crianças durante os anos 90, é preciso aceitar, a Rainha Dos Baixinhos é from hell.

Sunday, January 24, 2010

O Defeito De Martina Topley-Bird


O grande defeito da Martina é ser casada com o Tricky. Não, não vou por foto dele aqui não. Até hoje me arrependo da foto do namorado da Santigold que pus aqui.

Bob Dylan - "Chronicles"


Nem todo o meu tempo é gasto reclamando do fato de as mulheres mais interessantes do mundo não se deitarem na minha cama. Entre uma lamúria ou outra eu leio uns livros e me deu vontade de falar desse. O velho Zimmerman resolveu falar nele, mas como era de se esperar, ele fala do que quer, na ordem que quer e foda-se você. Não que o livro seja escrito do ponto de vista do deus que alguns tentam transformar o cara, pelo contrário, o narrador o tempo todo parece querer nos convencer do quanto é simples, normal, influenciado, pacato.
O, digamos, "toque" Bob Dylan, vem do fato de que o senhor simplesmente ignora sua melhor fase musical, nos anos 60,apenas para nos revelar em minúcias a gravação de um disco mais ou menos como "Time Out Of Mind", lançado nos anos 90. Concentra-se na descrição de obscuros colegas de palco da pré-história de sua carreira, mas ignora qualquer referência icônica (Byrds, Hendryx, Beatles, Stones). E mais grave, nada menciona de sua lendária queda por negonas.
Tirando isso, é um livro delicioso. É muito bonito ler as recordações do jovem Dylan mergulhando apaixonado nos trabalhos de Woody Guthrie, Robert Johnson ou Hank Williams. O compositor que ele viria a se tornar jamais existiria sem esses mergulhos, fica aí o conselho e o comentário.

I Wanna Be Rick James (But Not Now...)


Alguma vez você já quis ser o Rick James?

Ohmibod


Oh my God. Numa de suas melhores frases, Bono um dia cantou que "Uma mulher precisa de um homem como um peixe de uma bicicleta" e uma volta pela ruas parece confirmar isso. O sábio Leandro Ravaglia (ok, levemente influenciado por uma experiência over após um show de Maria Gadu) concluiu que "não gostar de homem é uma demonstração de bom-gosto". É a derrocada do homem heterossexual, meus amigos. Em breve teremos dois tipos de mulher: lésbicas e masturbadoras. Ou píor, um grupo só praticante das duas artes, ignorando solenemente esse artigo obsoleto, o homem.
É com imenso terror que anuncio a chegada ao mercado do Ohmibod, vibrador que acompanha o ritmo das músicas, uma espécie de i-pod mais "carinhoso". Céus.

Friday, January 22, 2010

As Mulheres Não São Más

Ele disse para seu filho adolescente, que acabara de relatar sua vontade de desistir da vida por causa de sua recente desilusão amorosa:
-Não é que as mulheres sejam más. Elas só oferecem a maçã. Sempre há a opção de não mordê-la.
O moleque não entendeu, como geralmente acontece quando se diz algo que faça sentido.

"The Invention Of Lying"


Só por ser um dos criadores de uma das mais interessantes e engtraçadas séries televisivas, "The Office", Ricky Gervais já mereceria ir pro céu. Boa parte das risadas que dei nos últimos anos se deveram aos personagens inventados por sua mente. Neste "The Invention Of Lying", o comediante tem espaço para nos brindar com seu humor corrosivo, pelo menos na primeira hora do longa, já que, a regra não dita das comédias de nossa época é que as piadas sejam todas descarregadas no início dos filmes, para que no meio haja uma guinada para o drama em que o protagonista enfrenta dificuldades com seu romance, só para que no final tudo acabe bem e algumas piadinhas retornem, só para fechar. Pode comparar com a maior parte das comédias que você viu ultimamente e você perceberá como essa fórmula é usada descaradamente.
Ainda assim, o início do filme vale seu tempo. Num mundo em que todos falam a verdade sem papas na língua, um perdedor gordinho descobre o poder redentor da mentira. A idéia de que a mentira é um dos alicerces da nossa civilização é simplesmente brilhante. Cutucadas no superficialismo de nossas relações supostamente afetivas e na fé de quase todos são sempre bem-vindas também. As participações dos sempre bons Edwaard Norton e Phillip Seymour-Hoffman ( e do gordinho do Superbad que eu esqueci o nome) caem muito bem também.
Assista ao menos a primeira parte, pode parar na parte que começa o draminha. Todo mundo sabe que, diferentemente da vida real (não é?), a mocinha vai deixar de lado sua vida fútil e perceber o valor dos sentimentos do feioso. Ah, vá lá, foi mal, contei o final do filme?

Alicia Keys


Ok, eu saio da depressão se Deus me mandar a Alicia Keys. De preferência muda.

Wednesday, January 20, 2010

Sparklehorse - "Saturday"



Mil bandinhas indies tentam. Linkous brinca.

Tuesday, January 19, 2010

Coachella 2010

~

NiNa



Quer dizer que a Kate Pierson arrumou uma amiguinha japa e montou um projeto paralelo e eu não sabia disso? Ok.

Monday, January 18, 2010

Chora Mais Um Pouco



"For we were never close/If the truth was told/All we ever shared/Was a taste in clothes/Oh, we were never close"

E cada vez que ele canta "We're simply wasting precious time", todas as horas preciosas desperdiçadas passam diante dos olhos.

Quando Tudo Está Perdido...

...Aí é que tudo que se fode mesmo. A esperança é que aquele filme "Irreversible" esteja certo e o tempo realmente destrua tudo.
Enquanto isso, nesse link http://www.hogrockcafe.com/oscar_nominees.htm você pode sacar todas as atrizes que concorreram ao Oscar até 2009 e mostraram os peitos. Não si bem o que isso significa, mas quis compartilhar com vocês, meus caros leitores.

Sunday, January 17, 2010

Flaming Lips - "I Can Be A Frog"



Essa música me fez ficar um pouquinho mais feliz, o que é muita coisa nesses dias tão difíceis.

Saturday, January 16, 2010

Cornão Sabido



"He woke up, the room was bare/He didn't see her anywhere/He told himself he didn't care/Pushed the window open wide/Felt an emptiness inside/To which he could just not relate/Brought on by a simple twist of fate"

Forte Apache Da Gulliver


Ok, confesso, essa é a grande frustração da minha vida. Eu não ganhei um Forte Apache da Gulliver. E eu realmente achava que merecia um. Todas as decepções posteriores se apequenam diante dessa ferida primordial.

A Verdade, Enfim

A verdade é que eu pensei que tinha encontrado minha felicidade juntando tudo que eu gosto dentro do meu quarto.Mas não é bem assim.

Corno Filho Da Mãe



"Now I'm so alone/just looking for a home/in every face I see"
Parece familiar.

Mais Dor De Corno



O cara faz uma música dessas e a mulher dá-lhe um pé na bunda e ainda diz que o álbum é uma merda.

Já Perceberam Que Estou De Coração Partido, Né?



Meus amigos, paciência. Vai passar. Enquanto isso, algumas músicas lindas.

Cat Power De Graça, É Só Pegar


No evento da Virada Cultural em SP você vai ter uma chance e tanto: Cat Power de graça. Tudo bem que é possível que ela esteja divulgando seus chatos últimos discos, mas será, como ela cantava "Everybody...come together...FREE". 22 de Maio em São José dos Campos.

Friday, January 15, 2010

Dúvida Da Vida

Se eu me chamasse Davi seria bom agora. Eu poderia fazer um título espirituoso tipo "Davi Duvida Da Vida", o que não seria tão legal assim porque isso é um quase plágio dos Engenheiros do Hawaii e trocadilhos devem ser evitados em 99,9% dos casos. Não podemos esquecer também que se eu tivesse esse nome, muito provavelmente viria de uma família de evangélicos, o que me acarretaria alguns problemas.
Todo mundo sabe que ando meio tristinho que nem uma bicha (O comentário é preconceituoso, desnecessário, rude e equivocado A maioria dos gays que vejo na rua me parecem alegres. Talvez se eu gostasse de homens fosse feliz que nem eles. Ou se eu fosse eunuco. me lembro da foto de um velhinho eunuco sorrindo, que eu vi uma vez, parecia um sorriso tão completo...) Me acho ridículo, mas vai fazer o quê? Me peguei aqui pensando em sair hoje à noite, o que levou à pergunta cruel: Soluções que funcionam para todos podem se aplicar a mim?
Eu, todo torto desde sempre? Não sei, não sei...Amanhã terei essa resposta.

"Sherlock Holmes"


Os recalcados abandonados costumam afirmar que as mulheres que os deixam sempre levam alguma coisa deles. Equivocados em quase tudo, talvez tenham razão em algo. Guy Ritchie pós-Madonna não acertou na mosca nunca mais. Seu último grande filme continua sendo mesmo "Snatch" e desde então, temos bolas e bolas na trave.
"Sherlock Holmes" não é ruim. É até acima da média dos filmes de ação (sim, porque Ritchie remodelou Sherlock para o público atual  sedento por adrenalina, movimento e explosões), só empalidecendo diante da comparação com os melhores filmes do diretor como o citado "Snatch" e o ótimo "Lock, Stock And Two Smoking Barrels".
O grande mérito do filme, como já era de se esperar, é a performance de Robert Downey Jr. Não há como não simpatizar com seu Sherlock, que mantém algo da aura de dândi britânico, mas acrescenta toques pessoais (não se imaginaria um Sherlock praticando luta livre antes desse filme, por exemplo). Jude Law também vai bem com o seu Watson, e os brilhos do elenco ficam por aí.
O roteiro, como boa franquia dos nossos tempos, deixa espaço para continuações, que certamente virão. Ao sair do cinema, no entanto, a expectativa por uma sequência não é um sentimento nada incontrolável.

Post Scriptum (Scrotum): Há uma cena do filme que merece todo o destaque, mais inteligente do que o filme todo, na verdade tão inteligente que levei um certo tempo até perceber a sua genialidade. Na cena em questão, Sherlock está num bar e se sente obrigado a tapar os olhos e ouvidos diante de tantos estímulos presentes do restaurante lotado em que se encontra. Todas aquelas pessoas ao redor são dão um overload de excitação no seu cérebro super-estimado e percebemos que o personagem, ao contrário de uma espécie de super-herói, na verdade é um super-dotado torturado com tanta percepção. Ele percebe tudo ao seu redor com tanta clareza que se torna insuportável. Interessante visão sobre a figura de Holmes.
E mais, parece que nos livros, que nunca li, o personagem é um boxeador, o que torna bastante desculpável a cena de luta livre.
Ô ignorança.

Dumbland


Lamente muito por você não ser o David Lynch. Eu faço isso diariamente. Mais um exemplo de sua genialidade é esta animação produzida inteiramente por Lynch em 2002. Violenta, cínica, desesperançada, sob medida para esses nossos dias (não, desculpe, só eu estou no inferno).
Temos um protagonista neanderthal que xinga, peida, tortura a todos que pode e afirma gostar de matar, seu filho insuportável, sua esposa que nada faz além de berrar coisas desconexas, um amigo cowboy psicopata, o Tio Bob e a sogra do mal. Alguns outros personagens surgem ao longo da trama, mas nenhum bichinho feliz dá as caras.
Se você está em busca de um sorrisos amarelos, essa é a pedida. No Pirate Bay tem à vontade.

Thursday, January 14, 2010

Praia


O verme foi à praia. O cão sarnento resolveu tentar de alguma forma sugar um pouco de vitalidade das pessoas saudáveis. Do alto da Pedra do Arpoador ele ouviu tocando aquela música do Arnaldo Baptista "Baby, será que é bom demais? Baby, será que é muito depressa?", mas o reflexo do sol nas ondas é o tipo de coisa linda capaz de te devolver à vida, milhões de pequenas estrelas dançando sobre a superfície lisa do mar, só para os olhos de quem consegue ver.
Muitas cariocas ignorando o quanto seus corpos são diferentes obras-primas da natureza. O parasita resolveu ser óbvio e ouvir Beach Boys sentado na areia, olhando as ondas indo e vindo carregando gente que mijava na água, certamente. Sem hipocrisia, cada vez que você faz sexo oral em alguém você bebe um pouquinho de urina, então junte-se ao clube.
Ele lembrou que ainda não conheceu a mulher que um dia vai lhe dizer "Você pode olhar nos meus olhos por quanto tempo quiser", o que é razão suficiente para suportar toda a cretinice, mediocridade, mentira, banalidade, maldade, ignorância, vulgaridade e grosseria ao redor, e tão tristemente perto.
Mesmo os invertebrados precisam acreditar em alguma coisa. Alguns acreditam em Deus, sexo, drogas, política...Ele gostava de imaginar que ainda havia nessa cidade um coração batendo em algum lugar.

Tuesday, January 12, 2010

Vai haver um momento em que eu não vou sentir mais nada. Vai ser o momento mais feliz da minha vida. O contraditório será que não conseguirei sentir nem a felicidade nem a satisfação desse objetivo alcançado.

Sunday, January 10, 2010

3 Mulheres Do Domingo De Sol

A mulata de jeans apertados e blusa amarela esperou por tempo demais. Quem deixa uma criatura tão formosa esperando tanto tempo? Fácil, o cara que ela acha que merece a produção. Ele vai chegar uns 30 minutos atrasados e não terá nenhum charme, nenhum mimo, nenhum gesto de carinho. Antes de criticar qualquer um deles, lembre que exatamente isso o que você faz. É, você. Você quer carinho e afeição e não hesitará em bancar o idiota para tê-lo. Paciência para com a mulata, a despeito do cabelo esticado que a deixa com a aparência de uma boneca mal-acabada, ou para a maquiagem que deforma seu rosto em uma máscara triste de tão comum.
A puta barata tem um corpo perfeito, que devia valer bem mais do que 30 reais. Mas se você acha que há justiça nesse mundo, está no planeta errado, porra. Ela levou o rapaz trêmulo para o andar de cima por uma escada em espiral e o levou alguns minutos mais tarde à conclusões extremamente curiosas, como, "Por que essa desconhecida profissional foi mais atenciosa e eficiente em sua performance do que todas as mulheres que teve, entre aspas, gratuitamente?" ou ainda "Por que as pessoas quebram seus pescoços por sexo?". Empurremos o rapaz para o escuro, ele é menos que nada diante da carne macia que cobre cada centímetro daquela beleza que não será vista em nenhum comercial de TV, por não possuir a ascendência adequada.
A morena sentada no banco de metrô curvou seu corpo dentro de um vestido verde sob o qual estava quase nua, como as mulheres costuma estar debaixo de suas roupas, se bem me lembro. Era o calor, era o trabalho, era o cabelo, eram os pelos do umbigo, eram os homens, eram as mulheres, era a cidade, quantas vezes seria necessário esconder a cabeça entre as mãos para tornar toda essa bagunça um pouco mais suportável? Com o canto dos olhos ela veria o narrador, mas o narrador é invisível e onipotente. Se o víssemos enlouqueceríamos, as mulheres ficariam inférteis, os homens comeriam as próprias bolas. O trem seguiria no escuro e ela estaria sozinha de um jeito insuportável, o tipo de solidão que pessoas não aplacam.

Caprica


Acho que ainda não expressei aqui minha profunda admiração pela série Battlestar Galactica, certamente uma das melhores produções televisivas de todos os tempos. Tudo bem que eu já era fã ganho, sendo fã desde criança da série original dos anos 80 (me lembro que me emocionava bastante com o tema da abertura...traaaaaaaaaam tantantanranrantantanranrantantantan), mas qualquer pessoa sem preconceitos idiotas contra sci-fi (sim, ainda existe gente assim, mesmo gente pretensamente inteligente) ao assistir a série perceberia o diferencial, seja nos roteiros, dreção e interpretação quanto na abordagem absurdamemnte mais madura do que a maioria das séries televisivas jamais sonharia.
Dignamente, os produtores da série encerraram a série na quarta temporada, ainda que na minha opinião o final tenha sido levemente decepcionante. Não tão dignamente, deciciram lançar neste início de ano um spin-off, (ou seria uma prequel?), usando elementos da mitologia da série num contexto situado cinquenta e poucos anos dos acontecimentos que dão origem á primeira série.
O primeiro capítulo obviamente vazou e o que tivemos, na minha opinião, foi mediano. Bons atores, adolescentes demais, tensão na medida, nada de gostosas.

Nunca é demais lembrar que Battlestar Galactica iniciava com a presentação da figura acima como um dos primeiros personagens, a saudosa 6. Que os produtores não esqueçam que nós nerds, apreciamos a inclusão desse tipo de apelo sexual descarado em nossas séries. Diria até mais, gostosa é fundamental.
Acompanharei caprica, até porque minha vida anda modorrenta, mas esperemos que a coisa fique mais "animada".

Avatar


Por um momento pensei que as multidões não me deixariam ver esse filme. Várias tentativas frustradas, batendo de cara com avisos de "sessão lotada" me fizeram ter a impressão de que acabaria vendo o comentado último filme de James Cameron na tela do computador mesmo, o que seria uma pena, pois, a princípio, o grande chamariz do dito filme seriam os revolucionários efeitos especiais.
E é isso mesmo, Hollywood conseguiu. Em breve os atores de carne e osso serão tão dispensáveis quanto um CD. É certo que as tecnologias atuais ainda dependem dos atores como modelo de expresões faciais e corporais, mas é só questão de tempo até um software elimine essa limitação.
Um filme tão caro não pode ir tão longe. A história é tola e previsível, alguns diálogos são constrangedores de tão toscos, mas o visual é realmente deslumbrante. O planeta alienígena é retratado com um carinho e atenção especial às cores e formas, com resultado surpreendentes e, sim, realistas, dentro de todo o seu delírio. Os extraterrestres azuizinhos também convencem e vão até deixar os mais doentes até com um ligeiro tesão (Me dá um medo pensar que algumas mulheres loucas vão querer ficar com corpos parecidos com os dos personagens, afinal, ainda vivemos a época da magreza ideal).
Digno de nota também é o claro anti-militarismo, nota que destoa no beligerante gênero de ação e sci-fi. Tudo bem que o contraponto apresentado ao militarismo desumano é um misticismo "exótico" avacalhado e infantil (embalado por sonoridades "étnicas), mas o inimigo do meu inimigo acaba sendo amigo no final das contas.
Assisti a versão 2d mesmo, que minha experiência com filmes em 3d nunca foi muito satisfatória. Assim como na minha vida amorosa, a miopia acaba por atrapalhar bastante.

Saturday, January 09, 2010

Talking Heads - "The Facts Of Life"



Os Talking Heads erraram muito pouco em sua existência. Certamente erraram em terminar a banda, mas antes isso que a decadência. Oriundos de uma época em que a inteligência era um atributo, não um defeito, tem pelo menos três obras-primas, sendo uma dessas "Naked". "The Facts Of Life" é faixa do disco, faz parte dos momentos mais reflexivos do álbum (que tem uma boa metade bem dançante e, digamos, "caribenha")e é simplesmente irrotulável. Meio eletrônica, com uma das letras mais geniais que David Byrne já criei, que traduzirei logo abaixo (Tomei gosto pela coisa, agora ferrou). Narrada como que por um alienígena embasbacado com a idiotice humana, põe o dedo na ferida de todos nós com nossas vidas fúteis.

"As Coisas Da Vida"*

Macacos repetem o que vêem
Fazer bebês, comer comida
Coisas que cheiram mal, pelos púbicos
Palavras de amor no ar

Faíscas voam, explodindo
Assegurando que tudo funciona
Não consigo te desligar
Fomos programados criancinhas felizes

Matéria acima da mente
Não podemos resistir, então não luto
O amor é uma máquina
O amor é uma máquina sem operador

As coisas da vida
As coisas da vida
Uma obra-prima
Biologia

Vapor
Ar-condicionado
Garotos e garotas
E automação
Cromossomos
Designer jeans
Chipanzés e seres humanos
Máquinas de amor
Máquinas de amor

Forte no corpo, forte na mente
Uma máquina do amor com as coisas da vida
As coisas da vida
As coisas da vida

Tanto sexo e violência
Deve ser um conceito ruim
Somos estúpidos por lutar
Toda noite

Os monstros que criamos
Eles nós recebem a bordo
O melhor em propaganda
De uma costa a outra

Os garotos e garotas combinam
Como macacos no zoológico
Olhe as nuvenzinhas
Parece bom demais

As pesoas se apaixonam como em contos de fadas
Não sei se gosto do que elas podem fazer
Temo que Deus não tenha um plano inicial
Ele só usa o que tem

Vida industrial
Sorvete e torta
Vida industrial

Algum dia viveremos em Vênus
Os homens caminharão em Marte
Mas ainda seremos macacos
Bem lá dentro

Se chipanzés são espertos
Então fecharemos nossos olhos
E deixaremos nossos instintos nos guiarem
Oh oh oh não...


* Geralmente a expressão "coisas da vida" é usada quando se fala de ensinamentos relacionados à vida sexual.

Friday, January 08, 2010

Não consigo continuar, não é Beckett? Não é? É? Vamos trocar a tristeza de dentro do quarto de paredes nuas pela lá de fora com vento, gente e sujeira. Terrível fim de tarde de céu azul límpido, tenebrosas bronzeadas curvilíneas garotas seminuas vindo da praia, não há salvação. Não me lembro exatamente da hora em que troquei o tédio por isso, essa coisa cinza que contamina tudo.
Você já parou pra pensar que pode comprar sexo, mas não um beijo sincero? O melhor momento da minha vida foi quando a mulher de quem mais gostei pareceu que queria me beijar. Digo pareceu, porque nunca se sabe com uma mulher. Não há realmente por onde entrar em uma mulher, não há nada que elas te dêem que seja permanente.
Não há nada permanente, a antecipação daquela alegria se transformou numa lembrança que escapa entre os dedos. Perdi aquilo tudo, todos aqueles momentos que passaram, um por um.

Wednesday, January 06, 2010

Santigold, Uma Garota De Bom Gosto


Não é segredo de quem me lê ou me conhece que eu pularia aos pés da Santigold. Pois é. O potencial da menina é imenso e as últimas só confirmam isso. Ela está produzindo um novo trabalho do Devo e declarou que eles estão entre suas bandas favoritas junto com...Smiths.
Irresistível.

A Sabedoria de Leonard Cohen


Na minha hora de angústia, recorri ao Cohen.

"Algumas mulheres esperam por Jesus, algumas mulheres esperam por Caim
Então subo ao meu altar
E ergo meu machado
E levo quem me encontra até onde tudo começou
Quando Jesus era a lua-de-mel
E Caim apenas o homem
E lemos em doces bíblias
Atadas com carne e sangue
Que o deserto está reagrupando
Todas as suas crianças"

Tuesday, January 05, 2010

Enquanto ia, tive que cumprimentar a senhora que no sábado à noite alimentava os gatos. Pensei que talvez houvesse um plano de velhice decente, se não morresse antes de tédio, de enjôo. Quando você ainda tem um coração, tem que fazer algo para mantê-lo quente. Quando já não o tem mais, friccionar os órgãos genitais é o bastante. Infelizmente a senhora não me olhou como se olharia a um semelhante. Seria cada ser humano uma coisa completamente diferente? Em caso de resposta afirmativa, deixemos de lado os abraços apertados e comecemos os preparativos para o apocalipse.
O telefone tocou na hora mais errada, como sempre. Havia um tempo em que você podia sair assim e jamais te encontrariam, acredite. Era o Gordo.
- Tá em casa não, filho da puta?
- Saí para andar.
- Você precisa esquecer isso.
- Defina "isso".
- Vai passar, cara.
- Acho que eu fico triste justamente por isso. Porque as coisas boas passam e as ruins duram. Não sei.
- Pensando em ir a algum lugar?
- Ultimamente onde quer que eu vá é o mesmo lugar com as mesmas pessoas, é incrível...
- Ih, caralho. Depressão mode on.
- Que barulho é esse? Tem um monte de gente falando...
- Gente não, mulher, meu caro. Digamos que estou cercado por diversas damas muito gentis e solícitas.
- Putas.
- Ora. Elas contam as mentiras certas. As outras mulheres insistem em contar as erradas.
- Só as mulheres mentem?
- Estou falando de mulheres nesse exato momento, imbecil. Quando eu mudar de assunto, eu aviso.
- Vai foder suas damas.
- Ok, me liga antes de decidir fazer qualquer coisa estúpida. Tem umas coisas suas que eu gostaria que ficassem pra mim.
- Não vou te esquecer no meu testamento.
- Ou bilhete suicida.
Fim da conversa. Ele queria me por pra cima, mas só reforçou minhas idéias mais sombrias. Esse é um mundo em que pagamos por mentiras mais agradáveis.
A verdade é essa noite. Para cada alma boa que alimenta os gatos vagabundos, existem centenas que esmagariam seus crânios com prazer. Nos motéis, nos bares, nas igrejas, nas boates, nos canais de esgoto sob nossos pés. Os ratos e as lacraias habitam as entranhas de nossa cidade. E no fim da cidade tem outra cidade, não há saída.
Ok, por que não usar o telefone? Caixa postal. Obviamente no sábado à noite a adorável criatura estava entretida com algum ritual realizado sem as roupas. Deixei uma mensagem dizendo "Por favor". Não sei o que queria dizer.
Sentei num banco e fiquei contando os carros que passavam. Um, dois, cem.

Monday, January 04, 2010

Guided By Voices - The Brides have Hit The Glass



Robert Pollard é Deus. Sua banda, Guided By Voices, era perfeita até no nome. A fase mais ou menos de sua banda é melhor que carreiras inteiras de indies esforçados. Pego aqui um exemplo de um dos álbuns considerados pela crítica como fraquíssimo, para falar de uma música perfeita. Dessa vez até a letra vou traduzir, porque desde o riff de abertura até o último acorde,tudo funciona nesse clássico dos corações partidos.

"AS NOIVAS ACERTARAM O VIDRO"

Eu não apareço
Jamais ligo ou deixo que ela saiba
Eu tenho uma vida própria
Eu odeio ficar por perto dela, sabe
Quando ela está assim
Eu escrevi uma canção uma vez sobre isso
Chamada "As Noivas Acertaram O Vidro"
Você sabe que não dura
Estar no topo do seu próprio mundo
Sem corrimões para se segurar
Você cai tão rápido
É muito estranho vê-la de pé de novo
Demarcando sua expansão
Buscando nova exposição

E quando ela segura um copo vazio
E vem atrás de uma doação
E eu peço a mesma coisa
É triste
E eu seguro a onda certo de que aguento tanto quanto ela
Só para estar perto dela
Só para me sentir mal

Um dia eu vou saber
Que isso é uma perda de tempo
E que há uma estrada melhor à minha frente
Só não sei como chegar lá
Então vou ficar por perto e tentar a sorte
E mais uma vez jogarei os dados
Tentando me agarrar ao meu paraíso que encolhe

E vou segurar um copo vazio
E vou atrás de uma doação
E vou pedir a mesma coisa
É triste
E vou segurar a onda tão confiante
Que é tudo que posso dar
Para encontrar meu caminho de volta
Só para acertar o vidro.

Sunday, January 03, 2010

Primeiro Post Extremamente Pessoal de 2010, Para Desespero e Tédio Profundo De Todos


Esse sou eu descendo a escada. A intenção era imitar de leve uma clássica foto do Nick Drake, mas ficou faltando o cachorrinho e o talento musical imenso.
É sabido que o índice de suicídios durante o período de festas de fim de ano aumenta consideravelmente, pois o clima evidencia a solidão de quem nela está imerso. Penso nisso porque me considero um suicida vivo, alguém que compreende perfeitamente o impulso de auto-destruição, por conviver diariamente com ele.
Uma vez, num belo sábado de manhã eu pensei seriamente em pular na frente de um carro em movimento e pulei. Tive alguns segundos em que senti o gosto da autonomia e liberdade com a qual a maioria das pessoas sonha em conduzir suas vidas. E suas mortes, porque a morte, ao contrário do que anunciam as propagandas de sabão em pó, faz parte da sua vida. A morte é a conclusão, a resposta para a eterna pergunta "Por que vivemos?" ou "Para onde estou indo?".
Quando os segundos passaram, me vi estirado no chão de uma rua, sem que filme algum com o resumo da minha vida passasse na frente dos meus olhos, o que me deu a triste certeza de que ainda não conseguira acabar com qualquer coisa que eu estivesse tentando terminar.
Eu tinha 19 anos, era virgem e não havia nada que me prendesse a esse mundo.
18 anos depois eu percebi que, se houvesse morrido naquele dia, haveria perdido muitas coisas boas que aconteceriam, e que teria evitado toda a dor que tenho sentido esses anos também.
Portanto, a moral da história é que tanto faz o que você faça. Hahahahahahahahahahahahahahahahahahaha.
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